terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Do cinema, em Guimarães


Fila J, Balcão, cadeiras 7 e 9, ou, eventualmente, 9 e 11. Ao Domingo, sessão da noite, no Teatro Jordão. Foi assim, durante alguns anos, até que me fixei em Lisboa.
Eram os nossos lugares cativos, de que íamos levantar os bilhetes, na manhã dominical, independentemente do filme que passasse. Uma espécie de ritual obrigatório, acrescido por minha sugestão, de algum outro dia semanal, quando o Teatro Jordão levava alguma película a que eu reconhecia boa qualidade.
O S. Mamede abriu muito mais tarde. A família Jordão, grande de muitos ramos, teve assim o monopólio do cinema na cidade, pelo menos, durante toda a minha juventude. Amigo chegado do Dino, do Zé, da Sofia e do Filipe Jordão, tive muitas vezes o privilégio de ser convidado para o camarote reservado do clã - sempre era outra louça...



A província tem destas coisas, nascidas do amor acendrado à terra e da curiosidade de lhe saber a história, em que se incluem estas monografias, algumas vezes, específicas, como é o caso desta  Cinema e Cinefilia em Guimarães - 1895-1957, com edição do Cineclube local (de que fui sócio durante alguns anos) e autoria de Paulo Cunha. Terão, talvez, um interesse particularmente regional, mas não deixam de ter valor cultural e de património. E serem uma memória para o futuro.
Pela obra se fica a saber que as primeiras sessões de cinema ocorreram em Guimarães, em Julho de 1897. E do papel primordial que teve Bernardino Jordão (1868-1940) na criação de condições permanentes que permitissem aos vimaranenses verem cinema.
O Teatro Jordão, tendo iniciado a sua função lúdica e cultural, em finais de 1938, cessou as suas actividades em 1994. Recuperado, será posto ao serviço da cidade, em breve, como equipamento cultural, dignificado.

6 comentários:

  1. Respostas
    1. Muito completa e com boa iconografia, realmente.
      Bom dia.

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  2. Para a história das salas de cinema em Portugal é de certeza um livro importante e depois este seu testemunho de uma época em que a ida ao cinema fazia parte de um ritual é memorável. Saber-se que salas com História são recuperadas é sempre de saudar. Um dos meus livros preferidos sobre as salas de cinema foi escrito por M. Félix Ribeiro nos anos 60 , um dia foi emprestado a pessoa amiga que o perdeu e nunca mais o consegui encontrar nos alfarrabistas.
    A Fox Movies esta semana está a passar uma série de "westerns" clássicos.
    Boa tarde!

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    1. Era uma sala de cinema com muito boas condições, para a época e com lugares para 1.200 espectadores. A programação não era má e dos grandes clássicos acabei por ver uma boa parte deles nas sessões do Cineclube, que também lá se realizavam, uma vez por semana.
      Obrigado pela dica sobre os "westerns".
      Um bom fim de tarde.

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  3. As CM deviam promover o estudo e edição de livros sobre aspetos das suas cidades, como a toponímia, os cinemas e teatros, os cafés, as indústrias, etc.
    Bom dia!

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    1. Eu creio que um grande número das autarquias está a fazer a sua parte, com persistência louvável, aliás. Para além de algumas exagerarem nas rotundas..:-)
      Do que me é dado observar, a de Guimarães tem cumprido bem.
      Bom resto de semana.

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