domingo, 24 de abril de 2011

Mercearias Finas 30 : ... e Pascais



As amêndoas sempre foram transversais, pela Páscoa, na Europa. Molares, tipo francês, de chocolate...mas as mais originais, cá, eram as ditas de Coimbra, pintadas à mão pelos estudantes, nas férias. Com vários formatos: a imitar ervilhas verdes, tremoços, corações, cantis, feijões e os "meninos de Paris", com licor, no seu interior. Em matéria de bolos, no Sul, predominam os Troncos e os Ninhos, sempre decorados a fios de ovos e, os segundos, com ovos cozidos e coloridos. No Minho pontificava, principalmente, o Pão de Ló de Margaride, amarelinho no interior, das muitas gemas de que era feito. Era, por tradição, acompanhado de "Vinho fino" (vinho do Porto de produção particular) que o Padre, na sua visita Pascal, habitualmente, provava em casa dos seus paroquianos. A gente miúda, na província, a norte, quando ouvia os sinos a tocar e as campaínhas, próximas, a anunciar o Compasso, costumava gritar: "- Padre aos ovos!", e os adultos cobriam, então, de pétalas de flores coloridas, para atapetar, a soleira da porta de casa, para o clérigo aspergir e abençoar a moradia, com água benta. Era assim no Minho.

Mas o que não podia faltar era o cordeiro ou anho assado no forno, muito tenro e estaladiço, acompanhado de pequenas batatas alouradas e, por vezes, esparregado. E o arroz de miúdos do dito, nessa altura, aconchegado no fogão a lenha, que lhe dava mais sabor. Não tenho que me queixar, no entanto, deste meu almoço de domingo de Páscoa, outrabandista. Pelo contrário, tudo estava a contento, requintado e saboroso. E HMJ, na sua criatividade, acrescentou à tradição uns nabos refogados - para acompanhar - que estavam uma delícia. Abrimos um Dão "Duque de Viseu", tinto, de 2008, só de Touriga Nacional e Tinta Roriz. Um bocadinho de Jaen, no lote, não lhe faria mal nenhum, mas não se pode ter tudo. O vinho portou-se à altura. Como dantes se dizia: "Santa Páscoa!" E vão com deus...

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