quarta-feira, 27 de abril de 2011

Óscar Lopes



Dos ensaístas e críticos portugueses, há um que particularmente estimo - Óscar Lopes (1917). Muita coisa aprendi com ele, quer através da sua imensa cultura, quer pela sua fina intuição ao descobrir-me os pequenos sinais que, nas obras literárias, às vezes se escondem, por intenção velada dos autores. Três vezes me cruzei com ele, uma delas num jantar em Lisboa, para os lados de Alfama, num restaurante modesto não muito longe de S. Vicente de Fora. Óscar Lopes passou a refeição em diálogo intenso com Eduardo Lourenço que abancara em frente, na mesa. Os dois humanistas falaram, sobretudo, de António José Saraiva que tinha morrido, havia pouco tempo, e repentinamente. Há alguns anos atrás, Eugénio de Andrade escreveu-lhe o retrato e, entre outras coisas, disse: "...gostaria ainda de falar, a propósito de Óscar Lopes, de simplicidade e de pudor, pois nele é o que imediatamente vem à tona". A idade avançada faz recolher ao silêncio a maior parte dos homens - silêncio próprio, e dos outros. E, esse limbo é, também muitas vezes, a antecâmara do esquecimento. Espero que isto não aconteça a quem o não merece, por tudo aquilo que fez na vida. E pelos outros.

para o António, que comigo partilha a estima e a admiração.

4 comentários:

  1. Também sou admiradora de Óscar Lopes. A História da literatura portuguesa que ele fez com António José Saraiva foi uma espécie de bíblia para mim.

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  2. E ainda o pode ser, hoje. Quem ficou de a "apascentar" ( e acrescentar) foi a Isabel Pires Lima.

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  3. Acredito que para a geração anterior ao 25 de Abril, a História da literatura portuguesa, que Óscar Lopes e António José Saraiva escreveram ( este último foi meu professor) era mais do que uma Bíblia!!

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  4. Sem dúvida, Mary. E ainda hoje é uma obra de referência.

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