sábado, 16 de abril de 2011

Citações LXIV : Maquiavel


"Será melhor ser amado e temido, em simultâneo. Mas, como os dois vem raramente ao mesmo tempo, somos obrigados a optar, para maior segurança, por sermos temidos, em vez de sermos amados."

Niccolò Machiavelli, in "O Príncipe".

8 comentários:

  1. Concordo que o mais difícil é ser respeitado (ou seja, amado e temido, simultâneamente). Para mim é a única opção que vale a pena...

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  2. É um tema vasto, este do Poder, e que me interessa particularmente. Agradeço e reparo que no seu comentário aos verbos amar e temer, de Maquiavel, acrescentou: respeitar. O tratamento, em literatura, do tema "Poder" é fascinante: Shakespeare, Kafka, Camus, Lampedusa...Mas os italianos são especialistas a abordá-lo, em filme: Rossellini, Visconti e, agora, Sorrentino. Em português literário há pouca coisa: O. Martins("D. Afonso VI"), "Luta de Gigantes" de Camilo, "António-Rei" de Sena, "A Última Ceia" do meu amigo Américo Guerreiro de Sousa. E a procissão (do Poder)ainda vai no adro, mas como me deu corda...:-),aqui fica o primeiro andor...

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  3. Tema vasto e fascinante, sem dúvida. Acrescentei o respeito, é verdade, porque o Poder nunca me intimidou nem (menos ainda) alguma vez me atraíu. E na circunstância de «ser amado» existe, sempre, uma componente irracional, que não me atrai (ou que me assusta, não sei bem).
    Ser respeitado, pelo contrário, é entrar num mundo diferente, no qual, quer o temor que se inspira, quer o amor, resultam das qualidades que os outros reconhecem em nós. O temor não é imposto, o amor não é gratuito. Respeito é o sentimento requintado (e elevado) que une, por exemplo, o mestre ao aprendiz... Mas esta é uma conversa longa demais para uma caixa de comentários... :-) E desde já prometo que vou ficar atenta (muito atenta, mesmo!) ao desenvolvimento desta rubrica :-)

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  4. Penso serem os 3 temas artísticos maiores: o Amor, o Poder e a Morte. Mas para tratá-los como deve ser, é complicado e nem todos os que os abordam estão à altura da empresa. O Poder interessa-me não como objectivo (embora seja bom experimentá-lo [dentro das possibilidade], para o entender, em si), mas como "case-study", nas suas relações entrelaçadas com os Outros, e pelos seus mecanismos próprios. E, no caso vertente, talvez por razões da História, afirmaria que são distintas as abordagens que o Homem e a Mulher fazem ao vivê-lo e senti-lo, e tratá-lo, artisticamente. É minha convicção que se trata do factor que mais distingue o feminino do masculino. Shakespeare, em "Macbeth", roça, ao de leve, a questão.
    É também este meu interesse pelo Poder que me faz ser um admirador incondicional de D. João II, por ser uma Figura exemplificativa e prática na época. E ele devia ter consciência disso, quando disse, para sempre:" Há um tempo de milhafre eum tempo de coruja".

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  5. Concordo consigo: a abordagem ao Poder é o que mais distingue o Homem e a Mulher. Julgo, até, que não existirão muitas obras sobre esta matéria, escritas por mulheres. Não conheço nenhuma... Não me ajuda?

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  6. Eu creio que será mais fácil, c.a., ver as implicações práticas do Poder, no feminino, do que as realizações literárias. E, aí, há 2 nomes de paradigmas bem diferentes, para mim: Mª de Lurdes Pintassilgo e Margaret Thatcher.
    Do ponto de vista literário, o nome que me ocorre, é Virginia Woolf e o seu "Orlando". Muito embora também pudesse arriscar, por alguns sinais,um ou dois romances de Fernanda Botelho e, na poesia (de que não gosto, particularmente) de Maria Teresa Horta. Não fosse tão difícil de descodificar, associaria Emily Dickinson - o que é um risco. Mas não posso deixar de anotar que o Poder, no feminino, se manifesta, principalmente, na capacidade ou "poder" de sedução - uma forma mais subtil mas, porventura, mais eficaz. Terminaria por referir um romance do inglês homossexual Somerset Maugham, "Of Human Bondage (em português: "Servidão Humana")", que também me parece importante, e significativo.

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  7. Tem razão, o poder, nas mulheres, é mais manipulação que força. A natureza e a evolução conduziram a esta diferença. Mas tanto quanto me parece, há uma tendência para se atenuar esta diferença.
    No que respeita à literatura, o que me diz corresponde à ideia que eu tinha: o tema não tem sido muito abordado, e menos ainda por mulheres. Do que conheço, a obra literária que me vem à cabeça quando penso no assunto é a «Casa de Bernarda Alba», do Lorca, outro homossexual. Li o «Servidão Humana» na adolescência, confesso que tenho apenas uma vaga ideia do livro. Vou ter de reler. Também pensei no «Orlando» da Virgínia Woolf que ainda não li. Obrigada, APS.

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  8. É sempre um gosto dialogar consigo, c.a..E a peça de Lorca, de que me não lembrei, ajusta-se muito bem.

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