Há frases, poemas e versos, por vezes, que nos tocam mais de perto. Mas, em muitos casos, não sabemos explicar, devida e concretamente, porquê. E nem isso é o mais importante: fazem-nos companhia e, algumas vezes, ficam connosco. Talvez porque abrem para horizontes desconhecidos, tocam qualquer coisa de profundo ou produzem um eco indefinido em nós - um fascínio misterioso. Poderá ser "O sol é grande, caem co'a calma as aves..." de Sá de Miranda, o início do soneto de Pessanha: "Floriram por engano as rosas bravas..."; ou ainda, de Nemésio: "Pus-me a contar os alciões chegados..." de um poema todo ele nebuloso. Poderia referir ainda um soneto de Quevedo, ou o início musical de uma obra de Wordsworth ("Five years have passed, five summers with the length/ of five long winters, and again I hear..."). E falo disto, porque, embora ande comigo há muito, cruzou-se, hoje, de forma impressa, comigo, uma quadra de um soneto de António Machado, de que gosto particularmente. Ei-la, em tradução livre:
"Ao velho álamo fendido pelo raio
e por metade apodrecido,
com as chuvas de abril e o sol de maio
algumas folhas verdes lhe nasceram..."
Também me acontece. :-)
ResponderEliminarParece-me ser de alguma, própria, sensibilidade humana.
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