quinta-feira, 14 de abril de 2011

Mercearias Finas 29 : breve miscelânea sobre a caça




A caça foi, de início, uma forma natural de exercício humano mas, também, uma questão de necessidade para a sobrevivência do Homem. Para os primitivos, a caça foi o seu alimento principal, servia de vestuário e ferramenta, através dos ossos dos animais abatidos.



Vários escritores portugueses usaram a caça como motivo ou falaram dela nos seus escritos. De Fernão Lopes a Torga, de Camilo a Manuel Alegre. De Bulhão Pato, escritor e gastrónomo conhecido, há pelo menos uma receita: Lebre à Bulhão Pato. E, de Fialho de Almeida, também consta um Arroz de Perdizes. Por falar nesta ave de caça, há um ditado que diz: "Perdiz, só com dedo no nariz", que tem uma razão objectiva. De uma forma geral, nenhuma peça abatida, seja ela javali, lebre, veado ou perdiz, deve ser comida no próprio dia em que é caçada. E isto porque ao sentir-se perseguido, o animal ao fugir e ao ser caçado tem medo e o seu organismo segrega ácido láctico em excesso para alimentar os músculos que, por sua vez, libertam ácido úrico que se espalha pela carne. Daí a vantagem de algum tempo de repouso, antes da caça ser cozinhada e comida.

5 comentários:

  1. Faz todo o sentido esta advertência ( ác.láctico/ác.úrico ), mas a verdade é que já tenho assistido a casos onde no fim da caçada ( ainda no próprio dia, jantar ou ceia ) são cozinhadas as peças abatidas. Haverá algum "antídoto" ?

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  2. Creio que não, LB, muito embora a "maceração" ou tempero da carne possa ajudar. Há também algumas, pequenas, excepções a estas secreções ácidas: as pombas e as rolas.

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