segunda-feira, 23 de abril de 2018

Sobre o Livro e a Língua portuguesa


Data consagrada, por altas instâncias misteriosas, hoje, como Dia Mundial do Livro, aceito de bom grado a efeméride, com naturalidade e simpatia.
Se me fosse perguntado qual o livro que mais frequentei, ao longo da minha vida, não teria dificuldade em afirmar que terá sido o Dicionário português, de Francisco Torrinha, na sua edição de 1945, e que, por esse motivo de tanto manuseamento, se encontra em paupérrimas condições, como se poderá ver pela imagem acima. Se, de há uns tempos a esta parte, o considero bastante desactualizado, preferindo-lhe o Houaiss, ainda o consulto muitas vezes. Até por que evito, sempre que posso, utilizar estrangeirismos que são, para mim, a abominação do economês e de muita gente beata do léxico informático. E não só, que os diplomatas também fazem gala em entremear de expressões alheias as suas discursatas, para mostrar que têm mundo. Bem como os novos cozinheiros e uma pretensa elite cultural, para alardear o seu cosmopolitismo - o que não deixa de ser saloio e paroquial...
Sempre achei que não é necessário usar estrangeirismos para dar mais força às nossas convicções e pensamento. É preciso é saber usar bem, e com legitimidade, a nossa muito rica língua portuguesa.



Voltando aos livros. Se o dicionário foi o livro mais consultado por mim, há também livros que frequento com persistente  assiduidade, de que elejo, em poesia, As Obras de Sá de Miranda  e os Poemas, de Eugénio de Andrade. Por vozes originais ou porque escreveram, em português de lei, magnífica poesia. A que poderia acrescentar, por admiração e gosto, Camões, Nobre, Cesário, Pessoa e Pessanha. A pequena distância, poderia incluir também Sophia e Sena, sem dificuldade.



Quanto a prosa, seria mais restritivo, mas escolheria, como preferidos, um livro de contos de Jorge de Sena e Directa, de Nuno Bragança. Mas também volto, periodicamente, a A Casa Grande de Romarigães, de Aquilino, e a Os Maias, de Eça de Queiroz. Para falar apenas de autores nacionais.
E é tudo o que me apraz dizer, neste Dia Mundial do Livro.

10 comentários:

  1. Continuo apaixonado pelos livros, mas infelizmente cada vez mais sou obrigado a recorrer a edições estrangeiras para ler os títulos e autores esquecidos pelos editores nacionais, que continuam a ignorar o formato de bolso. - (neste momento estou a ler o "Jean-Christophe" do Romain Rolland)
    Muito bom dia!

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    1. O meu "Jean-Christophe", em 10 livros de bolso da Colecção Miniatura (1951-1967), com capas de Bernardo Marques, é bem maneirinho.
      Nesse tempo, as editoras editavam sobretudo obras de qualidade.
      Um bom fim de tarde.

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  2. Sou uma apaixonada por dicionários e enciclopédias.
    Este ano passaram-me pelas mãos muitos livros sobre a Grande Guerra, de que li alguns excertos e poucos na totalidade. Acabei um policial e estou a ler um sobre Cézanne.

    Mister Vertigo,
    Li Jean-Christophe numa tradução da Portugália.

    Boas leituras!

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    1. Da Portugália, não me lembro, que os meus são da Miniatura (Livros do Brasil):nº 23, 25,27, 29, 31, 33,35, 37, 39 e 40, anos 50, portanto.
      Obrigado.
      Boa tarde.

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  3. Embirrando sempre, com os dias disto ou daquilo mas
    fiquei com vontade de citar dois ou três livros que
    eu amo desde há muito. O primeiro tem uma data (30-6-66)
    e muito velhinho foi sempre uma das minhas paixões "Os cadernos
    de Malte Laurids Brigge" de Rainer M.Rilke. Portugueses apenas
    menciono Raul Brandão-Humus e José Rodrigues Miguéis pelas suas
    histórias, tendo Lisboa sempre presente. Vivo rodeada de livros
    por todos os lados, mas cada vez leio menos.
    Boa semana.

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    1. Estas datas são uma forma encapotada de animar o comércio, mas não lhes fiz a vontade, porque, hoje, não comprei um único livro.
      Como, no poste, falei da língua portuguesa, preferi referir apenas autores nacionais. Rilke é um dos meus poetas de eleição, e aprecio muito Brandão e Miguéis. Por isso, estou consigo.
      Retribuo, cordialmente.

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  4. Também vivo rodeada de livros e há tantos de que gosto, que seria difícil listá-los - até porque aprecio vários e tipos e géneros, incluindo os dicionários. Boa tarde!

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    1. De tempos a tempos, vou fazendo o meu juízo final, sobre o que já li. Tentando avaliar o grau de qualidade.
      Bom fim de tarde.

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  5. Comprei na 2ª feira dois livros para oferecer ontem, como costumo fazer todos os anos. Ontem não comprei livros mas comprei uns papéis num alfarrabista, que já estavam guardados há uns dias. :)
    Bom dia!

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