Ando em maré de folhetos, porque eles têm aparecido em variedade e quantidade: entremezes, sermões, éclogas setecentistas, epicédios... Dum último lote, que triei, eles vinham muito manchados, mas com boas margens para encadernar. Escolhi uma Instrucção Pastoral do Bispo de Beja, Frei Manuel do Cenáculo (1724-1814), iluminista e mecenas, que escrevia muito bem, em português de lei. O opúsculo, de 22 páginas de papel encorpado, foi editado em 1792, para celebrar o futuro nascimento da infanta Maria Teresa de Bragança (1793-1874), primeira filha de D. João VI e de Carlota Joaquina. As últimas páginas do folheto intitulavam-se Preces na Expectação do Parto e incluiam orações orignais, para serem rezadas.
Do segundo folheto, de 8 páginas, pouco há a dizer. Não conheço o seu autor, Jacome Tenorio Francofin de Assis, que se intitulava Mestre em Artes, e se propunha, em filosofia barata, argumentar e elogiar as virtudes maiores dos portugueses da sua época, destacando o Juizo, como essencial nos homens, e a Formosura, imprescindível na mulher. O que me fez lembrar um conhecido dístico inicial, de um poema de Vinicius: As muito feias que me perdoem/ Mas beleza é fundamental... Politicamente incorrecto, nos nossos dias, há que dizê-lo...
O prefácio é, no entanto, curioso. Ainda com ressaibos barrocos e algo chocarreiro, no estilo:
Este último folheto foi impresso em 1763, na tipografia de Ignacio Nogueira Xisto (Lisboa). E houve, recentemente, um exemplar igual vendido no Brasil (Levy Leiloeiro), considerado "raro", que foi arrematado por R$ 210.
Não posso dizer que tenham sido caros, os dois folhetos aqui apresentados. Muito embora estejam ambos muito manchados de humidade.
Não posso dizer que tenham sido caros, os dois folhetos aqui apresentados. Muito embora estejam ambos muito manchados de humidade.
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