Convivo mal com a estatuária portuguesa actual. E tenho que recuar largos anos para encontrar algumas esculturas de que gosto, normalmente figurativas, sendo que duas ou três são de João Cutileiro (1937). O problema será porventura meu que, não sendo especialista, me guio apenas pelo meu subjectivo gosto estético, faltando-me, talvez, o acompanhamento teórico e crítico de suporte para o que se vai esculpindo pelo país.
A permanência durante uma semana na zona de Inverness Terrace (Bayswater, Londres), levou-me a passar quase todos os dias por um busto muito interessante, de expressão determinada e de boa execução escultórica, pelos meus padrões estéticos. O nome do retratado, Skanderbeg, nada me dizia e, displicentemente, imaginei-o como sendo de algum Viquingue nórdico que, por razões históricas, estivesse ligado à Grã-Bretanha.
O nome do escultor, Kreshnik Xhiku (1958), apesar de me soar a oriental, também nada me dizia. Mas o busto continuou a pairar na minha memória visual, persistentemente lembrado. E resolvi esclarecer a sua razão de ser e origens. Skanderbeg é afinal o grande herói albanês Jorge Castrioto (1405-1468), que foi também conhecido em Portugal e celebrado pelo historiador e cronista Francisco de Andrade (1540-1614), em livro (Crónica do valeroso Príncipe, e invencível capitão Castrioto) traduzido, de 1567. Jorge Castrioto defendeu a independência da Albânia, contra os turcos.
O busto de Skanderbeg foi executado pelo escultor albanês Kreshnik Xhiku, que reside presentemente nos Estados Unidos, e que já tinha esculpido uma estátua equestre, muito interessante, de Jorge Castrioto em Michigan, inaugurada em 2006. O busto de Inverness Terrace foi instalado, para celebrar o centenário da restauração da independência albanesa, em 2012.
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