O que torna difícil para um poeta não dizer mentiras é que, em poesia, todos os factos e todas as crenças deixam de ser verdadeiros ou falsos para se transformarem em interessantes possibilidades. O leitor não é obrigado a partilhar as crenças expressas num poema de forma a fruí-lo. Sabendo isto, um poeta é constantemente tentado a fazer uso de uma ideia ou crença, não porque acredite que ela é verdadeira, mas porque ele vê que ela traz consigo interessantes possibilidades poéticas.
W. H. Auden, no prefácio a The Dyer's Hand (pg. 18).
Sou tentado a pensar que ainda bem que é assim.
ResponderEliminarConcordo, inteiramente. E não deixa de ser um passo à frente para além de "O poeta é um fingidor..." de Pessoa.
EliminarEu, como leitora, tenho tendência a levar a sério o que leio. E por vezes não gosto de um poema, só porque não gosto da crença subjacente. Tenho de começar a abstrair-me do tema. Na realidade, o mesmo me acontece em pintura, há obras de que gosto muito em termos formais, mas não gosto do tema abordado. Boa tarde!
ResponderEliminarEu creio que acontece a todos, sobretudo a princípio. Em poesia, um bom antídoto será ler alguns poetas do surrealismo: Cesariny, António Maria Lisboa. Até mesmo O'Neill, que subverte o real, muitas vezes, pelo humor.
EliminarBom fim de tarde!