quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Memória 60 : Manuel Bandeira


Manuel Bandeira nascido em 1886, faleceu a 13 de Outubro de 1968, faz hoje, portanto, 43 anos. Era muito lido em Portugal e chegou a ter a sua obra editada por cá, pela Editorial Minerva e pela Portugália. Alexandre O'Neill celebrou-o, em verso. Não sei, hoje, se quem gosta de poesia ainda o lê. Se não o faz, faz mal. Porque não é um poeta difícil e diz, com frescura, grandes verdades. E o seu humor e alegria contagiam os seus versos por um tom ou jeito, quase infantil, de irreverência e descoberta deslumbrada. Raramente ácido de humor negro (estou-me a lembrar do poema notável "Pneumotórax"), mas quase sempre no tom alegre e convicto da criança que sente e transmite, sem restrições o que pensa: "Porquinho-da-Índia" ou "Mozart no Céu". Para não falar, já noutro registo, desse enorme e conhecidíssimo poema que é "Vou-me embora pra Pasárgada". Para recordar Manuel Bandeira, escolhemos: Teresa

A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna

Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse)

Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.

P.S.: de algum modo este poste é uma geminação involuntária com outro, anterior, colocado no Prosimetron por MR. A quem dedico este.

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