domingo, 30 de outubro de 2011

Às revoadas


A noite virá mais cedo, hoje, com a mudança da hora. Três focos, que parecem de incêndio, brilham ao longe: um junto ao Castelo de Palmela, os restantes dois semeados pelo casario raso do Seixal. É o sol que se reflecte, nos seus últimos brilhos, em espelhos de acaso, antes de desaparecer. Também os estorninhos revoluteiam incessantes e intensos, aproveitando a última luz, sobre o Tejo. Revoadas do fim de Outubro a que já me habituei, todos os anos, por esta época. Os estorninhos devassam os ares, provavelmente, em busca dos insectos desprevenidos que pairam sobre as águas do rio. O céu, de azul pálido vai ficando róseo, e depois cinzento até ficar escuro. Tudo isso é natural.
O que não é natural, e eu estranho, são as súbitas revoadas (que costumam durar de 2/3 dias a uma semana) de visitas que caem como bandos de estorninhos, convergindo, massificadamente, sobre um poste do Arpose. Nestes últimos três dias, o "ai Jesus!" tem sido um poste de 10 de Julho de 2010, intitulado "Vergílio Ferreira sobre a Arte". A voracidade tem sido imensa. As visitas caem às dezenas sobre as palavras sábias do escritor. Porquê? Para quê esta súbita voragem sobre um poste que tem mais de um ano? Talvez nunca o venha a saber.
O que sei, de real e concreto, é que são 18,30hrs., e já é noite.

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