A restolhada dos pássaros miúdos nas duas árvores, ao fundo, é enorme e dissonante. Desde o fim do mês passado que a noto. Os pardais aconchegam-se decerto, no ramo mais cómodo, preparando a noite, que ainda não chegou. Mas a lua já se adivinha, crescente e alta, quase a sul, para onde se desloca. Vai amarelecendo, a pouco e pouco, como o Outono. Ameno Outubro, no entanto, na varanda, como para fazer esquecer o inóspito Agosto deste ano.
Vou fazendo minutos para o telefone, para as notícias que serão sempre inconclusivas, como linha tracejada e incerta, em relação ao futuro. As certezas ficaram quase todas na juventude, sobraram dúvidas para depois, e agora. Inteira meia lua, no alto e ao centro, parece cortada à faca, muito recta no diâmetro. Como dizia o Pessoa (e cito de cor): Cortei a laranja a meio,/ para qual das metades fui injusto?
E a propósito de Brel deixo-lhe o link para uma das minhas preferidas:
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Muito obrigado pela dica, c.a., e uma boa noite!
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