(...) Mas os verdadeiros amigos de Bismarck (1815-1898) não são dotados de fala. Ao mesmo tempo que a sua misantropia aumenta também o seu amor pelos cães, que o acompanham ao longo de toda a sua vida, mais tempo mesmo do que a própria mulher. Em todas as conversas, em todos os seus cadernos de apontamentos, pelo meio dos seus projectos, de decisões, de ordens, na Wilhelmstrasse como nas florestas, quer durante os seus períodos sombrios quer nos dias mais felizes: vemos sempre estes dois cães cinzentos ou negros que se assemelham ao dono, pois também eles eram enormes e nervosos, audazes e perigosos. Há oito cães enterrados uns ao lado dos outros no parque de Varzin, próximo dos seus cavalos favoritos. Como as crianças, são os únicos seres em relação aos quais Bismarck dá provas de paciência e que o acalmam em vez de o excitar; como eles não pretendem nada dele, não lhe oferecem resistência, não falam nunca mas parecem, ao mesmo tempo, tudo compreender, o seu coração envelhecido apega-se cada vez mais solidamente a eles. «Gosto muito dos cães, porque eles nunca nos fazem sentir que procedemos erradamente»: estas palavras que ele pronuncia nos últimos dias da sua velhice revelam melhor a sua mais íntima maneira de ser. (...)
Emil Ludwig (1881-1948), in Bismarck (pg. 455).
Gostei muito desta história, que não conhecia. Gosto muito de bichos, por isso percebo-o bem. Bom dia!
ResponderEliminarSendo embora um pouco selectivo no gosto pelos animais, privilegio sobretudo as aves e, em particular, os canários e as aves de rapina.
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