quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Da leitura 50


Nos Ensaios Recentes 2006--2017, a páginas 167/8, e na recensão a Platero e eu, de Juan Ramón Jiménez (1881-1958), J. M. Coetzee (1940) tece algumas considerações muito originais sobre os olhos de alguns animais, que, parcialmente, passo a transcrever:

"Além do permanente olhar da criança, existe um segundo olhar mais óbvio no livro: o do próprio Platero. Os asnos, para os seres humanos, não são criaturas de uma beleza especial - não são tão belos (para ficarmos só nos herbívoros) quanto as gazelas ou os cavalos -, mas têm a vantagem de possuir lindos olhos: grandes, escuros, líquidos - cheios de alma, como às vezes dizemos e emoldurados por longos cílios. (Os olhos pequenos e avermelhados dos porcos nos parecem bem menos bonitos. Será por isso que não nos é facil amar esses animais inteligentes, amigáveis e engraçados? Quanto aos insetos, seus órgãos de visão são tão diferentes dos nossos que não é fácil encará-los com algum afeto.)" 

4 comentários:

  1. Ideias interessantes. Gosto dos olhares dos animais, mesmo os dos pássaros. Talvez nãos os dos répteis e insectos... Poderia escrever-se um livro sobre este tema. Muito bom dia!

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    1. É um mundo de sugestões o olhar dos animais. Creio que o espectro mais amplo é o dos cães, que vai do compassivo ou suplicante ao agressivo.
      Um bom dia, Margarida.

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  2. Realmente, é um tema interessante e curioso e que dava um belo estudo.
    Quantas vezes já dei comigo a admirar o olhar dos cães, também por ter um, logo o contacto permanente facilitá-lo. Mas nunca o fiz com outros animais. Ficarei mais atenta...
    Bom dia de Reis!

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    1. Sem dúvida, até porque o olhar, sobretudo o humano é como dizem o espelho da alma...
      Obrigado, retribuindo os votos.

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