Os jovens são normalmente cruéis, desatentos a atribuir idades aos mais velhos. E pouco rigorosos quanto à idade das crianças. Porque, de algum modo, a adolescência é uma encruzilhada: fazermos a viagem crescendo, naturalmente, ou nunca mais amadurecermos...
A primeira vez que vi a Profª. Dra. Maria Helena da Rocha Pereira (1925-2017), naquele enorme anfiteatro da Faculdade, em Coimbra, a Senhora pareceu-me muito idosa e pensei que deveria estar quase a reformar-se. Aquela espécie de chapéu-turbante, que costumava usar, também não ajudava.
Ora, nessa altura, a Professora não tinha sequer 40 anos. Tinha, no entanto, a autoridade da sabedoria sobre as civilizações grega e romana, além de uma fina sensibilidade em relação à poesia, antiga ou moderna. Maria Helena da Rocha Pereira faleceu hoje. Posso dizê-lo, com sinceridade: dos meus professores de Coimbra, é aquela que recordo mais afectuosamente.
Afectuosas recordações de alguém, é uma demonstração
ResponderEliminarde sensibilidade que tanta falta faz a muita gente,
hoje em dia.
Boa semana.
Há sempre alguns professores que nos ficam, imorredouramente...
EliminarAgradeço e retribuo os votos.
Nunca foi minha professora. Até hoje não lhe sabia um sinal físico. Mas devo às suas traduções o pouco que sei de filosofia antiga. Na verdade, foi ela a guiar-me nos meandros da alma grega. Levou-nos a todos pela mão. Um Obrigada sem fim à D. Maria Helena da Rocha Pereira.
ResponderEliminarCada um à sua maneira.
EliminarDigo que é possível respigar aqui e ali um e outro texto (raro) nos jornais da Profª Drª Maria Helena da Rocha Pereira, a propósito de qualquer assunto, como por exemplo o acordo ortográfico, mas pelo seu douto e veterano saber de humanidades nunca encontrei uma entrevista de vida com ela iguais a tantas que saem por aí nos suplementos dominicais, para já não falar em algum magazine de História (ou na TV). Pergunto porquê e deixo meus cumprimentos.
ResponderEliminarTem bibliografia muito interessante, afora uma espécie de manuais universitários para a cultura grega e romana. Eu destacaria, também, os dois volumes que publicou na Verbo: "Temas Clássicos na Poesia Portuguesa".
EliminarEra uma pessoa simples e discreta, não falava por falar, nem procurava os holofotes. Ensinava, trabalhava, traduzindo sobretudo, e investigava.
Uma boa noite.
As pessoas tinham um ar antigo.
ResponderEliminarGostei muito de ler/estudar essa «espécie de manual universitário» para a cultura grega, mais do que o referente à cultura romana.
Com dois professores aprendi imenso: António Borges Coelho (felizmente ainda vivo) e o padre Manuel Antunes, ambos umas mentes muito abertas e humanas.
Boa tarde!
Nem todas, alguns tinham um ar bem desempenado e mexido de pés, como o Herculano de Carvalho (Linguística), apesar de ser bem pequenino, lá nesse anfiteatro 1 conimbricense...
EliminarMas já sei que o Joel Serrão não fazia parte dos seus favoritos..:-))
Boa tarde!
O Joel Serrão não foi professor de MR.
ResponderEliminarÉ um outro, que ainda está vivo e que também foi meu professor - chato, muito chato, com ar de cruzado!
Devo, então, ter feito confusão.
EliminarObrigado pelo esclarecimento.