Não sendo de primeira água, a obra de cariz naturalista e parnasiano de António Macedo Papança (1852-1913), primeiro conde de Monsaraz, é, no entanto, muito estimável e agradável de ler, na sua simplicidade lírica, virada quase sempre para o mundo rural. Alentejano de gema, nascido em Reguengos de Monsaraz, foi Par do Reino, e pessoa grada da cultura portuguesa finissecular. Carteou-se e foi grande amigo de Cesário Verde e Bulhão Pato, por exemplo.
Em 1954, pouco após o centenário do seu nascimento, creio que por iniciativa do poeta Mário Beirão (1890-1965), foi editado, pela Livraria Ferin (Lisboa), um grande volume (26 x 19,5 cm.), com a obra poética completa do conde de Monsaraz. O livro, ilustrado com desenhos de Alberto de Souza, tem um grande apuro gráfico e estético, bem como textos em prosa de António Sardinha e Hipólito Raposo. Dá gosto folheá-lo e lê-lo.
A obra, cuja edição especial foi subscrita por algumas centenas de admiradores, permite ao leitor uma abordagem ampla da poesia de António Papança e tirar algumas conclusões sobre o merecimento do poeta, hoje, infelizmente, bastante esquecido. Talvez por isso é que o livro me custou apenas 12 euros, usado, num alfarrabista de Lisboa, alguns meses atrás.
Porventura excessivamente regionalista e campestre, mas muito cantabile, um dos poemas (O Senhor Morgado) do livro foi inspiradamente musicado por José Niza e lindamente cantado por Adriano Correia de Oliveira (ver Arpose, 20/4/2016), com grande sucesso, nos anos 70. Não se esgotando aí a fina ironia pitoresca dos versos do Conde de Monsaraz. Por exemplo, ela é notória no surpreendente final da Salada Primitiva, que aqui deixamos para leitura...
para H. N., que se lembrou, e me lembrou este último poema de António Macedo Papança.
A obra, cuja edição especial foi subscrita por algumas centenas de admiradores, permite ao leitor uma abordagem ampla da poesia de António Papança e tirar algumas conclusões sobre o merecimento do poeta, hoje, infelizmente, bastante esquecido. Talvez por isso é que o livro me custou apenas 12 euros, usado, num alfarrabista de Lisboa, alguns meses atrás.
Porventura excessivamente regionalista e campestre, mas muito cantabile, um dos poemas (O Senhor Morgado) do livro foi inspiradamente musicado por José Niza e lindamente cantado por Adriano Correia de Oliveira (ver Arpose, 20/4/2016), com grande sucesso, nos anos 70. Não se esgotando aí a fina ironia pitoresca dos versos do Conde de Monsaraz. Por exemplo, ela é notória no surpreendente final da Salada Primitiva, que aqui deixamos para leitura...
para H. N., que se lembrou, e me lembrou este último poema de António Macedo Papança.
Gosto de alguma poesia do Conde de Monsaraz. Não me lembrava deste «Folhas finas, tenrinhos e viçosas»... :)
ResponderEliminarBom sábado!
De vez em quando, faz bem revisitar estes poetas de segunda linha, mas autênticos, que têm, quase sempre, alguns poemas muito interessantes...
EliminarBom fim-de-semana!
Parece, pela "Salada primitiva", um poeta bem humorado. Há assim muita gente, o tempo engole-os sem mais.
ResponderEliminarNão há nada como lê-lo para tirar justas conclusões.
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