Como
é meu costume, gosto de jogo limpo, avisando os eventuais leitores para
particularidades das minhas opções, neste caso de leituras.
Sucede
que nunca apreciei os bonecos “Disney”, “minies” e companhia, assim como nunca
engracei com “Barbies”, de trampa, ou outro tipo de bonecada de duvidoso gosto,
tanto faz.
Também
não fazem parte do meu universo infantil “discursos em forma de bola de
chiquelete”, de construções reduzidas, antecipando o “jargão” cibernáutico
actual.
Vem
todo este palanfrório a propósito do efeito nocivo da globalização sobre as
nossas cidades, impondo cópias, tiradas a papel químico, do submundo cultural.
Nas
ruas da cidade alastram os bandos que espalham o seu ruído através de altifalantes,
passeiam-se umas figuras tristes, que me fazem lembrar o “mundo Disney”, ou
seja, um sonho americano, globalizado, de pacotilha, sem nenhuma referência
cultural. O cenário da cidade continua a transformar-se num filme de horrores,
com imagens iguais de qualquer país possível, sem nenhuma referência histórica,
social e cultural concreta. Tanto se pode passar por este enquadramento no Sul
como no Centro ou no Norte da Europa, tanto faz, apenas com a diferença do
clima ameno em Portugal.
Convenhamos
que a maior parte dos turistas não vem com intuitos culturais.
Acontece,
no entanto, que a submissão a essas “hordas” nos modifica a nossa paisagem,
ajudada por uma legislação que, lentamente, transforma o comércio local em
“áreas turísticas tipo Disney”.
A
última notícia, de hoje, foi o encerramento do REI DAS MEIAS, no Largo Bordalo
Pinheiro, para dar lugar a quê ? À falta de imaginação, mais um Hostal,
certamente !
Como
a memória é curta, e as eleições próximas, convém lembrar que a Lei do
Arrendamento, que criou a base para tamanha razia no comércio tradicional, foi
alterada em 2012. Pertence, pois, a responsabilidade a determinados pafunços,
da fauna dos coelhos e galinhas cristas, gente aculturada nada e crescida em
lugares distantes, feitos basbaques perante esta nova “Disneyland” à
portuguesa.
Prefiro
a sinceridade da mensagem do “antigo” Rei das Meias que, a partir do fim do
mês, manda mais duas empregadas para trabalhar “para a Segurança Social”, como
elas me confirmaram, de viva voz.
Post de HMJ
Tem razão. Estamos a transformar-nos num imenso hostal incaracterístico. Entrámos no reino do lucro fácil e rápido. E ninguém ê que o futuro não pode ser este, que estamos a retirar-nos o futuro?...
ResponderEliminarDe cada vez que vou à capital (estou perto, a 20 mn, mas passeio só ao fim de semana), descubro mais um e mais outro e mais outro (como cogumelos) hotéis, hostals e afins (as pensões deixaram de o ser para passra a hostal). Um dia que a moda "Lisboa" acabe vamos ficar um pais de alojamento vazio à beira mar plantado, sem qualquer jardim para descansar!
ResponderEliminarBom dia
A CML devia proibir a abertura de mais hotéis e quejandos, antes que seja tarde. Barcelona fê-lo há pouco tempo porque a cidade estava impossível de se viver.
ResponderEliminarHá poucos dias ouvi um idiota dizer que ainda nos faltava receber não sei quantos milhões de turistas para atingirmos o n.º de de Barcelona e de outras cidades europeias. Só que Lisboa é uma cidade muito mais pequena que essas cidades europeias, em área e em n.º de habitantes.
Na Baixa já só devem 'viver' turistas...
Outro problema são os transportes: o Metro está o que sabemos e com estas levas de turistas regressámos à 'sardinha em lata'; os elétricos (principalmente o 28 com a carreira turística)...
Qualquer dia não podemos ver turistas à frente.
Quanto às lojas é um problema para o qual a CML e o Governo têm de arranjar solução. Para começar classificar algumas lojas e arranjar um fundo que as ajude a subsistir. Ou comprá-las e alugá-las a quem as tem alugadas.
Pensei que O Rei das Meias já tinha acabado. Durante anos fui lá comprar meias: eram boas e tinham muita variedade. Das últimas vezes que lá fui, não vim nada satisfeita.
Bom dia!
Para bea, Paula Lima, MR
ResponderEliminaragradeço os comentários. Receio bem os meses de Verão, já que muitos alemães devem trocar a Turquia por Portugal. Em dias de chegada de cruzeiros não se pode andar pelo Chiado. É demais.
O Rei das Meias tinha produtos de qualidade e também a preços mais módicos, marca própria como eles diziam. Ainda comprei uns lenços de assoar, porque com o fecho deles já não sei onde comprar. E como não gosto lenços de papel ...
é pá...pensava que era só o meu pai a usar lenços de assoar. Olhe que lavá-los não é brincadeira nenhuma.
EliminarÉ pena fechar essa (mais uma) loja... Boa tarde!
ResponderEliminarEste presente/futuro da globalização em massa, descaracterizando o que antes era genuíno, é deprimente e um pouco assustador, porque parece que não há volta a dar.
ResponderEliminarDá pena ver desaparecer tanta coisa característica das nossas cidades.
Nunca simpatizei com a Barbie, mas sou fã da Minnie e companhia...
Bom fim-de-semana, HMJ.
Para Margarida Elias e Isabel:
ResponderEliminarPois é pena que a diversidade cultural continue ameaçada.
Bom fim-se-semana para ambas.
Subscrevo o post e todos os comentários.
ResponderEliminarE é muito triste ver, de dia para dia, um sítio
deixar de pertencer aos lisboetas.
Boa noite.
Para maria franco:
Eliminarperante esta invasão, em muitos casos de bárbaros, não há boa educação que resiste.