Faz parte de qualquer processo de amadurecimento constatar que valores, anteriormente assumidos como referências, se revelem, em virtude de um conhecimento mais aprofundado das matérias, como enganos de alma ledos e cegos.
1 – De escritores, sobretudo de
língua alemã, que tinha como referência de leituras no liceu e na juventude,
posteriormente houve grandes enganos. Assumo, sem preconceito ínvio, que a
postura ética, social e intelectual continua a ser, para mim, a base para a
aceitação plena do autor e, em última análise, de o voltar a ler.
2 – Não consegui a imagem de um livro sobre o MUNDO NOVO DE ISRAEL que, nos anos 50 do século passado, ofereciam aos finalistas do ensino obrigatório na Alemanha e que, na altura, representava o fim da 8ª classe de ensino básico. Lembro-me que na capa havia um laranjal, talvez de laranjas Jaffa, que o meu avô oferecia como presente de Natal. Depois dos filmes que nos tinham projectado – e bem – na escola sobre a 2ª Guerra e a perseguição aos Judeus, o livro encaixava, perfeitamente, na formação do nosso sentimento de Humanidade a promover e estimular. Na altura, fiquei, obviamente, esclarecida e agradecida.
Sucede, no entanto, que o actual Estado de Israel conseguiu, com a sua falta de Humanidade, a proeza de desfazer, por completo, todo o esforço que a Escola Alemã transmitiu nos anos 50 do século passado aos seus alunos. E para que conste.
3 – Algo semelhante de
desfasamento sobre a visão do passado sucede relativamente aos estados da
antiga RDA. Embora não tendo tido nenhum relacionamento familiar directo com os
habitantes que, na altura do pós-Guerra, ficaram sob o regime da SED e
impedidos de deslocações para a BRD, recebia algumas notícias de uma amiga com
familiares em Dresden, que ela visitava com as conhecidas dificuldades de
passagem na fronteira, assim como de enviar encomendas de víveres muito
cobiçadas.
Se o 17 de Junho de 1953 foi um
momento de revolta, em que uma idade muita pouca esclarecida não deixou marcas,
sucede que, nos anos 60 do século passado, ouvia que a RDA acolhia os fugitivos
das antigas colónias portuguesas – Angola, Moçambique, etc – o que, na altura,
constituía para mim uma mais valia de humanidade.
Actualmente, e perante a eleição
pela TURÍNGIA, de uma figura humanamente duvidosa para ocupar o lugar de
Governador e, até, com um programa que nem sequer se coaduna com a sua
competência, confesso que da antiga RDA devem ter passado muitos dos resquícios
do antigo regime.
Talvez a Rússia e a Sérvia dariam
para explicar melhor.
Por enquanto, fico por estas
agonias, e que não são poucas !
O problema de Israel é que o país foi 'assaltado' por um milhão e meio de judeus vindos da Rússia, 'educados' pelos soviéticos e descendentes. E com um primeiro ministro corrupto que não quer deixar o poder para não ir perder a imunidade.
ResponderEliminarQuanto à RDA, muitos dos seus habitantes tiveram uma educação semelhante. As educações nas ditaduras deixam sequelas por muitos anos, como bem sabemos. Lembro-me sempre que Willy Brandt não queria a união das duas Alemanhas. Ele pertencia a uma geração de políticos que via longe...
Bom dia!
Para MR:
Eliminarassim como Helmuth Schmidt que achava que a Turquia não se enquadrava na União Europeia. Já se compreende a tal "visão longe" que, de facto, faz falta à nossa política europeia.