quarta-feira, 26 de junho de 2019

Coimbra, menina e velha


Só este espaço, em imagem, me pareceu mais pequeno. O resto de Coimbra cresceu, desmesuradamente, e no pior sentido. Em casas devolutas, em ruinas cujas paredes se esfarelam de humidade e chinoiseries pululantes, em hamburgarias, em lixo, também.
Descer do museu Machado de Castro até à Sé Velha, pelas ruelas exíguas, nos primeiros 60 metros, é tarefa deprimente pelo estado das casas, a seguir é tasca sim, tasca não, até ao Arco de Almedina. Fora as lojas para turistas low cost.
Por outro lado, nunca pensei que a degradação da pedra (de Ançã?) pudesse atingir tais proporções na Igreja de Sta. Cruz e na Sé Velha. Retirados ou erodidos, há uma série de nichos vazios nestes dois templos vetustos. Misérias, da que já foi a terceira cidade do país...
A Ferreira Borges vai ficando cada vez mais uma chinatown lúgubre, a que se segue uma rua da Sofia anárquica e suja, de comércios duvidosos. A praça do Comércio, entre a capela de Santiago e a igreja de S. Bartolomeu, está morta. Resta o dédalo labiríntico de pequeno comércio, no interior da Baixa, que cerca o beco do Manuel dos Ossos, onde já havia bicha à espera, ainda não eram 19 horas.
Não fora o movimento e vida na Alta, em volta dos polos universitários, Coimbra mais parecia uma cidade fantasma, visitada por turistas por todos os lados onde houvesse alguma coisa para ver, comer, beber ou fotografar. Ainda que fosse uma pindérica e ancuda tricana metálica, plantada no escadório, entre as duas Sés.

6 comentários:

  1. Eu gostei da tricana, dos doces tradicionais, do passeio pela ponte de que não me lembro o nome, da Sé, da igreja velha e que suponho seja de Santa Clara; custou-me subir até à Universidade que revi. E, sobretudo, amei passear no que suponho seja um jardim botânico, lugar muito calmo e aprazível por onde passa um autocarro.
    Como foi a segunda vez que vi a cidade e na anterior tinha dezoito anos muito verdes e distraídos, gostei do que vi, Coimbra pareceu-me uma cidade bonita

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    1. É tudo uma questão de gosto e exigência. E pontos de vista.

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  2. Sempre achei Coimbra uma cidade muito estranha, sem vida própria. Acabava o ano letivo e despovoava-se.
    Das últimas vezes que fui a Coimbra, também achei a Ferreira Borges uma rua deprimente. Pode ser que recupere. Pode ser que recupere.
    Na penúltima vez que fui a Viseu deu-me vontade de chorar ao ver a Rua Direita e a Baixa da cidade com as lojas fechadas ou chineses. Chocou-me porque Viseu era uma das únicas cidades do interior que tinha vida e era muito comercial. Da ultima vez, achei que tinha melhorado.
    Bom dia!

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    1. Lá ter nascido, nunca me fez perder o sentido crítico em relação à cidade. Quando por lá andei, no início dos anos 60, costumava dizer que Coimbra era uma cidade que tinha todos os defeitos de uma cidade pequena (coscuvilhice) e nenhuma vantagem das grandes metrópoles (nunca perdeu o provincianismo). Entretanto abandalhou-se, o parque imobiliário está uma vergonha, o comercio tradicional cedeu lugar a bugigangas chinesas e indianas... Pergunto-me o que fizeram os autarcas. Puseram,por exemplo, um repuxo no meio do Mondego, mas as margens do rio estavam um nojo, de porcaria.
      Salva-se o museu Machado de Castro e o atendimento nas Bibliotecas universitárias - profissional, simples, muito competente.
      Boa tarde.

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  3. Haverá alguma cidade neste nosso país que não esteja como diz
    abandalhada e cheia de pirosas lojas de "souvenires"?. Não é uma
    questão de saudosismo é apenas ter vontade de ainda sentir alguns
    traços da nossa nacionalidade. E embora eu já tivesse há muito, deixado
    de viajar, basta ver no que se tornou a minha querida e saudosa Lisboa
    para imaginar o que se passa por essas cidades fora. O titulo do poste
    está bem imaginado.

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    1. Tem razão, Maria Franco, muito embora a norte, Porto, Guimarães e a sul, Évora, o comércio tradicional me pareça estar a resistir melhor. Em Lisboa é que me parece ter havido uma abdicação quase total.
      Não compreendo, mesmo habitando nas lojas, como é que estes comerciantes orientais conseguem pagar as rendas altas lisboetas...

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