segunda-feira, 28 de maio de 2018

Memória 122


Para um país pequeno, como é Portugal, o desaparecimento de três figuras carismáticas nacionais, no pequeno espaço de pouco mais de uma semana, é uma perda irreparável. Por razões que não vem ao caso, não falei delas, na altura própria. Mas relembro, hoje, as mortes recentes de Rosado Fernandes (1934-2018), António Arnaut (1936-2018) e do pintor Júlio Pomar (1926-2018), todas acontecidas neste mês de Maio. Vidas plenas, exemplares nas suas áreas, deixaram-nos obras significativas das suas passagens pela terra.
Das três personalidades, talvez Rosado Fernandes seja o mais controverso, por aliar uma, por vezes, agressiva emotividade, quase sempre de cariz político e ideológico, a uma sensibilidade e erudição ancoradas num profundo conhecimento da Antiguidade Clássica, em que foi mestre e catedrático jubilado, respeitado pelos seus pares. 
E lembro-o porque me senti próximo, recentemente, da sua memória. Enquanto consultava, na sala de leitura dos Reservados, da Biblioteca Pública de Évora, inúmeros manuscritos do século XVIII, estava rodeado, nas três das quatro paredes que me acolhiam, por estantes ocupadas pelos livros que tinham sido da sua biblioteca pessoal. E que ele doara, generosamente, à B. P. E..

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