terça-feira, 8 de maio de 2018

História e ficção


Ainda não consegui reconciliar-me com a ficção. Tenho andado pelo ensaio, pelos livros de crónicas,  história, poesia. E ando a ganhar balanço para tentar, pela enésima vez, ler o À la recherche..., de Proust, na tradução de Mário Quintana, da Livros do Brasil, em sete volumes. Chegarei lá?
Entretanto, e de empréstimo, vou a meio de Um herói português - Henrique Paiva Couceiro (2006), de Vasco Pulido Valente. O autor, seria escusado dizê-lo, tem uma prosa apetecível. De bom ritmo, frase curta e sugestiva, português escorreito. Pena o livro não ter um glossário sobre termos africanos.
Convém lembrar que VPV colaborou no guião ou argumento de vários filmes portugueses: O Cerco (1970), Aqui d'El Rei (1992) e O Delfim (2002). O que talvez explique a sua tentação de ficcionista.
Daí, possivelmente, um episódio (pg. 14) picaresco, narrado por Pulido Valente, em que Paiva Couceiro terá disparado 5 tiros, no Chiado, contra um tal Luis León de la Torre Faria, só porque esse indivíduo o tivera roçado no ombro e lhe dirigira uma frase injuriosa.
Ao que parece, no entanto, a história real teria sido ligeiramente diferente. O Luís León dera um ligeiro encontrão na irmã, Carolina, de Paiva Couceiro e este, então com 19 anos, dera 2 ou 3 murros no atrevido, e não 5 tiros... Por isto foi julgado em conselho guerra e condenado a 2 anos de prisão.
Que lhe foram comutados e abreviados, pouco depois, por decisão superior.
De qualquer forma, não convém baralhar história com ficção.

2 comentários:

  1. Não li este Paiva Couceiro mas talvez o venha a fazer. Li Glória, biografia de Vieira de Castro, e gostei. Crónicas de VPV já não leio há anos para não me irritar.
    Bom dia!

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    1. Apesar da qualidade de escrita ser semelhante, estou a gostar mais do "Couceiro" do que gostei do "Glória". Talvez o ritmo da acção...
      bom resto de semana.

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