A memória é um bem terrível, sobretudo se for competente e isenta.
Hoje, na prática, que não em legislação e teoria, não sei se as condições dos jovens trabalhadores serão mais favoráveis do que em 1974.
Nesta mesma data, há 44 anos, em Lisboa encontrar uma loja aberta era como procurar uma agulha num palheiro. Supermercados, mercearias, cafés e restaurantes, tudo estava fechado. E muitos trabalhadores celebravam o seu dia, na rua, alegremente.
Eu e um amigo, ao fim da tarde, esfomeados, procurávamos, em vão, algum sítio, para comer o que quer que fosse, antes de entrarmos no Tivoli, para a sessão da noite. Nada. E mesmo na bilheteira só conseguimos o favor e lugar numa frisa, entre desconhecidos, que também deviam estar com fome. Pela forma como nos olharam a ver abrir - tirando o papel de celofane - duas sandes ressessas e dessaboridas, que tinhamos conseguido comprar no pequeno bar do Teatro. Milagrosamente.
O filme que vimos era "A Golpada" (The Sting), que estreara há menos de uma semana. Com Robert Redford, Paul Newman e Robert Shaw, nos protagonistas.
O título da película parece-me profético, hoje, e apropriado para os tratos de polé que tem levado a legislação laboral nestes últimos anos, em Portugal. Pelo menos, na sua aplicação prática, por parte de muitas empresas. E posso assegurar que, hoje, em Lisboa havia muitas mais lojas abertas do que em 1974...
Na minha opinião, a memória é um bem "precioso".
ResponderEliminarEm 1974 tudo era novo, agora já tudo é banal.
Quanto ao filme, claro que não me lembro se vi ou não.
Mas com o abençoado Youtube descobri a música, que não ouvia há muito.
https://youtu.be/_WxfjWnuEno
Gostei do poste e agradeço a memória musical que veio por acréscimo.
Estive a ouvir a música do filme, ainda há pouco, graças à sua dica e gostei muito, porque já não me lembrava dela.
EliminarNa verdade a memória faz-nos valorizar aquilo que foi importante na nossa vida, reflectido no tempo.
Obrigado.
Uma muito boa noite.