sexta-feira, 4 de maio de 2018

Apontamento 111: O papão do Comunismo nos 200 Anos de Karl Marx




Para aqueles que leram, no passado, os meus textos sobre a Linhagem, certamente que não direi nada de novo.

A infância e a juventude numa aldeia de Colónia, com forte influência do Arcebispo e da sua religião numa Escola Primária chamada confessional, desenvolveram-se numa sempre latente aversão a qualquer credo contrário. Havia os protestantes e, pior ainda, os “vermelhos” ou comunistas que, felizmente, viviam fora do núcleo central da aldeia.

O papão do comunismo teve, no entanto, a sua atracção, i.e., encaminhou-me para tentar saber a diferença entre o “nós” e os “outros”. Mais do qualquer outro benefício permitiu iniciar uma amizade sólida, até hoje, com os protestantes que, afinal, constituem metade da minha herança genética.

Descobri, contudo, que muitos dos estimados católicos aldeãos, que falavam do papão do comunismo, tinham sido colaboradores do Regime Nazi, ora transformados em caciques políticos do partido da Senhora Merkel.

A autonomia do pensamento, que guiou a minha aprendizagem, incluiu leituras dispersas das obras completas de Marx e Engels. Desfez-se, assim, o papão dos vermelhos ao mesmo tempo que a aversão contra uma direita reaccionária – tipo AFD actual – se solidificou.

Tenho pena que a craveira intelectual de Karl Marx, nascido a 5 de Maio de 1818 próximo de Colónia, i.e., em Trier  – ou  "Tréveros" em Português – seja recordada na sua cidade com este boneco horrível.



São sinais do tempo, que não tenho nenhum prazer em conhecer, em que a falta de uma curiosidade intelectual genuína, construtiva e verdadeiramente democrática, vem sendo substituída por este aparato publicitário e de adoutrinação, por parte de uns “embedded journalists”, pretendendo formar a cabeça dos cidadãos com pretensos objectivos éticos que, no entanto, mal escondem a sua pertença a grupos económicos e moralidades disfarçadas.



Tenho pena que o intelectual Karl Marx tenha ficado reduzido, na sua terra natal, a um boneco disforme. Fica-me a tristeza, tal como a menina, na imagem seguinte, perante o fecho da sua biblioteca. São efeito do Capital que, aliás, nunca se deu bem com pessoas esclarecidas e de pensamento autónomo, promovidas, graças a um dos filhos do “papão” do comunismo.


Post de HMJ, com estima para KM

6 comentários:

  1. Respostas
    1. Para Margarida Elias:
      Obrigada pelo elogio. A matéria nobre exigia o máximo cuidado na escrita. Foi um gosto. Bom fim-de-semana com sol !

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  2. Horroriza-me - mas não me espanta - que, passados 200 anos, recordem Marx deste modo. Mas espanta-me o encerramento da sua biblioteca. E que vai acontecer aos seus fundos? Não sei para onde caminhamos...
    Bom dia!

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    1. Para MR:
      Pois, o caminho não parece muito promissor quanto a pensamento livre e não alinhado.
      Bons passeios no fim-de-semana com sol !

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  3. Gostei muito do que escreveu. Permita-me realçar a última
    frase do parágrafo final, com a qual estou completamente
    de acordo. Desejo-lhe uma boa semana.

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  4. Para Maria Franco:
    Lembro-me bem de um "reconhecido empresário" português que se achava apto a dizer aos professores o que deviam ensinar aos meninos para ele ter os empregados que precisava, aceitando a sua estratégia e visão do mundo. Belmiro dixit.

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