Para aqueles que leram, no
passado, os meus textos sobre a Linhagem, certamente que não direi nada de
novo.
A infância e a juventude numa
aldeia de Colónia, com forte influência do Arcebispo e da sua religião numa
Escola Primária chamada confessional, desenvolveram-se numa sempre latente
aversão a qualquer credo contrário. Havia os protestantes e, pior ainda, os
“vermelhos” ou comunistas que, felizmente, viviam fora do núcleo central da aldeia.
O papão do comunismo teve, no
entanto, a sua atracção, i.e., encaminhou-me para tentar saber a diferença
entre o “nós” e os “outros”. Mais do qualquer outro benefício permitiu iniciar
uma amizade sólida, até hoje, com os protestantes que, afinal, constituem
metade da minha herança genética.
Descobri, contudo, que muitos
dos estimados católicos aldeãos, que falavam do papão do comunismo, tinham sido
colaboradores do Regime Nazi, ora transformados em caciques políticos do
partido da Senhora Merkel.
A autonomia do pensamento, que guiou a minha aprendizagem, incluiu leituras dispersas das obras completas de
Marx e Engels. Desfez-se, assim, o papão dos vermelhos ao mesmo tempo que a
aversão contra uma direita reaccionária – tipo AFD actual – se solidificou.
Tenho pena que a craveira
intelectual de Karl Marx, nascido a 5 de Maio de 1818 próximo de Colónia, i.e., em
Trier – ou "Tréveros" em Português – seja recordada na sua cidade com este boneco horrível.
São sinais do tempo, que não
tenho nenhum prazer em conhecer, em que a falta de uma curiosidade intelectual
genuína, construtiva e verdadeiramente democrática, vem sendo substituída por
este aparato publicitário e de adoutrinação, por parte de uns “embedded
journalists”, pretendendo formar a cabeça dos cidadãos com pretensos objectivos
éticos que, no entanto, mal escondem a sua pertença a grupos económicos e
moralidades disfarçadas.
Tenho pena que o intelectual
Karl Marx tenha ficado reduzido, na sua terra natal, a um boneco disforme.
Fica-me a tristeza, tal como a menina, na imagem seguinte, perante o fecho da
sua biblioteca. São efeito do Capital que, aliás, nunca se deu bem com pessoas
esclarecidas e de pensamento autónomo, promovidas, graças a um dos filhos do “papão”
do comunismo.
Belo texto! Bom dia!
ResponderEliminarPara Margarida Elias:
EliminarObrigada pelo elogio. A matéria nobre exigia o máximo cuidado na escrita. Foi um gosto. Bom fim-de-semana com sol !
Horroriza-me - mas não me espanta - que, passados 200 anos, recordem Marx deste modo. Mas espanta-me o encerramento da sua biblioteca. E que vai acontecer aos seus fundos? Não sei para onde caminhamos...
ResponderEliminarBom dia!
Para MR:
EliminarPois, o caminho não parece muito promissor quanto a pensamento livre e não alinhado.
Bons passeios no fim-de-semana com sol !
Gostei muito do que escreveu. Permita-me realçar a última
ResponderEliminarfrase do parágrafo final, com a qual estou completamente
de acordo. Desejo-lhe uma boa semana.
Para Maria Franco:
ResponderEliminarLembro-me bem de um "reconhecido empresário" português que se achava apto a dizer aos professores o que deviam ensinar aos meninos para ele ter os empregados que precisava, aceitando a sua estratégia e visão do mundo. Belmiro dixit.