O facsimile do manuscrito em
imagem veio, por mãos amigas, enriquecer o meu acervo de livros bonitos. Pena é
que o fundo dourado das iniciais tenha ficado escuro, com a digitalização do
original da publicação.
No entanto, o aspecto apelativo e
belo tinha um objectivo preciso, a saber, a aprendizagem do futuro Imperador
Maximiliano I (1459-1519), filho de Leonor de Portugal, Imperatriz da Alemanha
pelo seu casamento com Frederico III. Aliás, a ligação entre o Imperador e Leonor
de Portugal fica bem patente pela junção das armas que encimam o fólio acima
reproduzido. A inicial M, a representar o início do seu nome, apresenta-nos o
menino aplicado com o mestre ao seu lado.
O manuscrito à guarda da
Biblioteca Nacional da Áustria, em Viena, junta três obras que, na Idade Média
e ainda no século XVI, faziam parte do rol de livros de aprendizagem. Em cima
reproduzimos o início da obra de Aelius Donatus, um gramático latino do século
IIII, numa adaptação feita para o menino Maximiliano. Numa ensinança feita de
pergunta e resposta transmitiam-se os rudimentos da gramática, uma espécie de
“arte menor” ou curso básico para a aprendizagem da língua.
Na imagem seguinte temos a segunda
obra de ensinamentos, ou seja, os Disticha
Catonis, que formavam uma colecção de conselhos éticos e morais e que eram
a base de leitura escolar desde o século VI até ao Renascimento.
Numa obra com fins didácticos não
podia faltar uma Exortação Final, na imagem abaixo, com conselhos de um
Dominicano Vienense dedicados ao futuro Imperador, assim como, intercalados nos
três manuscritos, excertos da obra de Cícero, De officiis, para terminar esta espécie de “Espelho dos Príncipes”
com a recordação dos deveres de um bom e justo representante de Deus na terra.
Para outras leituras, e para quem
se interessa pela História, lembrei-me do Diário
da Viagem (...) de Leonor de Portugal, que o Embaixador Valkenstein
elaborou.
Post de HMJ, dedicado a HN
Confesso o meu fascínio por este género de livros, em que a História está bem presente, ao mesmo tempo que se revelam verdadeiras obras de Arte pela forma como foram elaborados.
ResponderEliminarBom dia!
Para Mister Vertigo:
EliminarDe facto, o livro é um encanto. Bom fim-de-semana.
Aprender em páginas tão belas é mesmo só de reis e príncipes. Não admira que os poucos livros fossem honrados como coisa rara. É que eram raros. Pena é que as leituras não fossem mais motivantes para uma criança. Deixava-se pouco espaço ao imaginário; eram duas utilidades numa. Mas quem é que, então, pensava numa criança como ser diferenciado e específico. Ninguém, provavelmente.
ResponderEliminarPara bea:
EliminarÉ necessário compreender as obras no seu contexto.
Gostei deste post e desde o princípio que me lembrei do relato de Valkenstein sobre o casamento e viagem de Leonor de Portugal. Ela casou nos Paços de São Cristóvão, mais tarde Palácio Vagos, onde é a Associação de Socorros Mútuos de Empregados no Comércio de Lisboa, e onde... Mistério! :)
ResponderEliminarBom dia!
Para MR:
EliminarAinda bem que gostou. Já percebi o Mistério !!!
De um ou outro livro de História da escola me ficaram os primeiros contactos com esta arte de escrita. Mais tarde relembrei com "O Nome da Rosa" e ainda com alguns dos que se podem ver no Museu Gulbenkian ou nas exposições temporárias que por lá aparecem. Obrigada pela partilha desta obra de arte absolutamente magnífica.
ResponderEliminarPara Paula Lima,
Eliminarsão páginas magníficas.