sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Apontamento 95: A aprendizagem do Imperador Maximiliano I


O facsimile do manuscrito em imagem veio, por mãos amigas, enriquecer o meu acervo de livros bonitos. Pena é que o fundo dourado das iniciais tenha ficado escuro, com a digitalização do original da publicação.

No entanto, o aspecto apelativo e belo tinha um objectivo preciso, a saber, a aprendizagem do futuro Imperador Maximiliano I (1459-1519), filho de Leonor de Portugal, Imperatriz da Alemanha pelo seu casamento com Frederico III. Aliás, a ligação entre o Imperador e Leonor de Portugal fica bem patente pela junção das armas que encimam o fólio acima reproduzido. A inicial M, a representar o início do seu nome, apresenta-nos o menino aplicado com o mestre ao seu lado.


O manuscrito à guarda da Biblioteca Nacional da Áustria, em Viena, junta três obras que, na Idade Média e ainda no século XVI, faziam parte do rol de livros de aprendizagem. Em cima reproduzimos o início da obra de Aelius Donatus, um gramático latino do século IIII, numa adaptação feita para o menino Maximiliano. Numa ensinança feita de pergunta e resposta transmitiam-se os rudimentos da gramática, uma espécie de “arte menor” ou curso básico para a aprendizagem da língua.

Na imagem seguinte temos a segunda obra de ensinamentos, ou seja, os Disticha Catonis, que formavam uma colecção de conselhos éticos e morais e que eram a base de leitura escolar desde o século VI até ao Renascimento.


Numa obra com fins didácticos não podia faltar uma Exortação Final, na imagem abaixo, com conselhos de um Dominicano Vienense dedicados ao futuro Imperador, assim como, intercalados nos três manuscritos, excertos da obra de Cícero, De officiis, para terminar esta espécie de “Espelho dos Príncipes” com a recordação dos deveres de um bom e justo representante de Deus na terra.



Para outras leituras, e para quem se interessa pela História, lembrei-me do Diário da Viagem (...) de Leonor de Portugal, que o Embaixador Valkenstein elaborou.

Post de HMJ, dedicado a HN

8 comentários:

  1. Confesso o meu fascínio por este género de livros, em que a História está bem presente, ao mesmo tempo que se revelam verdadeiras obras de Arte pela forma como foram elaborados.
    Bom dia!

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    1. Para Mister Vertigo:
      De facto, o livro é um encanto. Bom fim-de-semana.

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  2. Aprender em páginas tão belas é mesmo só de reis e príncipes. Não admira que os poucos livros fossem honrados como coisa rara. É que eram raros. Pena é que as leituras não fossem mais motivantes para uma criança. Deixava-se pouco espaço ao imaginário; eram duas utilidades numa. Mas quem é que, então, pensava numa criança como ser diferenciado e específico. Ninguém, provavelmente.

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    1. Para bea:
      É necessário compreender as obras no seu contexto.

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  3. Gostei deste post e desde o princípio que me lembrei do relato de Valkenstein sobre o casamento e viagem de Leonor de Portugal. Ela casou nos Paços de São Cristóvão, mais tarde Palácio Vagos, onde é a Associação de Socorros Mútuos de Empregados no Comércio de Lisboa, e onde... Mistério! :)
    Bom dia!

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    1. Para MR:
      Ainda bem que gostou. Já percebi o Mistério !!!

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  4. De um ou outro livro de História da escola me ficaram os primeiros contactos com esta arte de escrita. Mais tarde relembrei com "O Nome da Rosa" e ainda com alguns dos que se podem ver no Museu Gulbenkian ou nas exposições temporárias que por lá aparecem. Obrigada pela partilha desta obra de arte absolutamente magnífica.

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