O verde é suficientemente cuidadoso para só, pouco a pouco, se tornar evidente e mais intenso, até acordarmos de todo, mais a Sul, na manhã fria. Há-de colocar-se Pinhal Novo, na geografia, que é uma forma vaga de começar uma ficção que, certamente, nem vai acabar. E a tempo de ficarem pela frente, ainda, algumas urbes ou terras pequenas, onde seria possível criar uma credível realidade. Pelo meio, pode aparecer uma ânfora enorme nos socalcos do Guadiana, de origem ou uso difícil de descortinar, dois sarmentos improváveis muito direitos, um rosto indefinido, na estrada, que pode levar a nenhures... Mas que possa enovelar pelos seus traços, alguns dias futuros.
Mais ainda: um óbito inesperado lido no jornal, pela manhã, há muitos anos atrás, num café anódino de uma rua estreita que pode ter o nome de Cicioso, Raimundo ou de algo mais nobre - para o caso, tanto faz. Há sempre que dar alguma consistência a tudo aquilo que se escreve. A menos que andemos pelo mundo, simplesmente, por ver andar os outros.
Porque, acima de tudo, há que dar nome, razão, origem a uma paisagem que passa. Mas fica na memória.
Concordo com Alberto Soares, uma paisagem ou algo - alguém - que nos fica deve ter palavras a dizê-lo. E um nome. Talvez.
ResponderEliminarDevíamos escrever mais e sobre tudo que sendo passageiro, permanece. Tão verdade o que ele diz. Mas há a vida que não pára, e os outros que nos exigem e a mente que é preguiçosa. E protelamos. E quanta coisa passa sem dever ser passado. Não que a escrita lhes recupere o presente. Mas lembra, reacende a memória.
A concordância é sempre agradável.
EliminarUm bom resto de tarde.