Quando, em Dezembro de 1963, a Portugália fez sair, na sua prestigiada colecção Poetas de Hoje, os Poemas de Edmundo de Bettencourt (1889-1973), o poeta madeirense não seria conhecido de muitos leitores portugueses. O seu nome, um pouco a exemplo recente de Bob Dylan, era mais reconhecido como cantor, nesse particular, de fados de Coimbra. As Saudades de Coimbra, de sua autoria, e Samaritana eram gravações de êxitos que lhe estavam associados.
Mas o elogioso prefácio (Relance sobre a poesia de Edmundo de Bettencourt), de Herberto Helder, com um apologético apoio e explicação dos singulares Poemas Surdos, contribuiram para que o livro fosse procurado e se esgotasse. A insularidade de ambos os poetas talvez explique esta aproximação, à partida, pouco provável.
Afora poesias avulsas, esparsas e intermédias publicadas em revistas, Edmundo de Bettencourt fora colaborador (e, depois dissidente, com Torga e Branquinho da Fonseca) da revista Presença e publicara apenas e sob a chancela deste movimento, 33 anos antes, um único livro de poemas intitulado O Momento e a Legenda (1930). O meu exemplar, adquirido não há muito tempo num alfarrabista de Lisboa, fora dedicado a Mário Coutinho (1899?-1984) e incluia, solto, também um poema passado à máquina, assinado, que teria sido publicado na Revista de Portugal, segundo indicação manuscrita de Edmundo de Bettencourt.
Não ficaria de bem comigo se não juntasse, a este poste, uma das gravações, antigas, do poeta-cantor de Coimbra, pese embora a deficiente gravação do fado conimbricense que, para mim, é um dos mais bonitos que conheço. Talvez valha a pena informar que o fado "Samaritana", em causa, no período do Estado Novo, era proibido, pelo tema provavelmente beliscar a moral católica. Pude, no entanto, ouvi-lo, na República Baco, clandestinamente e entre amigos, no início dos anos 60, em Coimbra. E aqui fica ele, pela voz de Edmundo de Bettencourt. Que era também poeta. Como o Bob Dylan.
Gosto imenso de fado de Coimbra. Tenho uma colecção de CD de fado, com algumas canções na voz de Edmundo de Bettencourt.
ResponderEliminarAdoro!
Boa noite:)
Vou mais pelos cantores: Luis Gois, Machado Soares...
EliminarBons Sonhos!
Gosto imenso de Edmundo Bettencourt. Tenho um LP dele, com uma gravação um bocado roufenha.
ResponderEliminarEle era também um bom guitarrista.
Bom dia!
Daí eu ter falado no poste, por associação, no Bob Dylan..:-)
EliminarBom dia!
Samaritana é para mim um dos mais bonitos fados
ResponderEliminarde Coimbra. E mesmo com um som tão mau, já aqui
vim mais do que uma vez ouvi-lo. Que pena não
ser restaurado.
Estamos em total sintonia.
EliminarHá uma versão muito razoável por Luis Marinho (?).
Uma boa noite.