Marthe que estes velhos muros se não possam apropriar, fonte onde se espelha a minha monarquia solitária, como poderia eu alguma vez esquecer-te se nem sequer preciso de te lembrar: tu és o presente que se acumula. Unir-nos-emos sem nos abordarmos, antecipando-nos como duas dormideiras que formam no amor uma anémona gigante.
Eu entrarei no teu coração para lhe limitar a memória. Não prenderei a tua boca para a impedir de se entreabrir sobre o azul do ar e a sede de partir. Quero ser para ti a liberdade e o vento da vida que ultrapassa o limiar de sempre antes que a noite seja irrecuperável.
René Char, in Le poème pulvérisé (1945-47).
Finalmente posso dizer que gostei deste trecho de René Char. Esta tarde não consegui comentar. :)
ResponderEliminarIsto (Google e quejandos) anda cada vez mais taralhouco ou, como eu digo, piorando do Alzheimar crónico...
ResponderEliminarAinda bem que gostou.:-)