De manhã, e ao princípio da tarde, já eu tinha ouvido, felizmente ao longe outrabandista, a música pimba pelas exéquias do Angélico, mais os gritos histéricos das e dos adolescentes lumpen: até meteu polícia de choque (ao que dizem as notícias) que, provavelmente e também comovidos, derramaram lágrimas sinceras... Esperava, numa esperança idealista, que a Capital, ao fim da tarde, me restabelecesse o equilíbrio. Infelizmente, não.
O serviço n'"A Brasileira" continua abaixo de cão (cada vez pior, MR!): lentíssimo, desatento, tosco e ao nível de uma tasca ronceira de província aqui há 50 anos (só os estrangeiros não percebem), no seu melhor de rudeza rural.
Mas, próximo, o Largo do Picadeiro estava cheio, de primas e tias, de ruanos e alfacinhas. Vi um Marquês ( de Marialva?), largamente obeso, mai-lo seu escudeiro, magríssimo, de repas esparsas e calva muito avançada, que o seguia canina e obsequiosamente. Lembrei-me de Francisco Manuel de Melo...Também dei por uma Viscondessa (da Luz?), mais a sua aia, muito atenta aos mínimos desejos da nobre dama.
Sentados na esplanada, ouvíamos Bizet. Uma ruana alfacinha embalava, à africana, a sua cria recém-nascida (3?, 4 meses?), oscilando o corpo pesado aos acordes da "Carmen". Que fazer?, desta Lisboa à noite, na perspectiva de um Natal à meia-luz e a 50%?
Que fazer quando o primeiro acto público da novel Secretaria de Estado da Cultura foi um comunicado sobre esse grande vulto da cultura chamado Angélico?
ResponderEliminarGostei desta sua crónica, APS.
Para MR:
ResponderEliminarParece que se vão acumulando os "tiros no pé" da cultura.
Como me chamou a atenção um amigo comum, o ME, Nuno Crato "axa" (foi assim que vi a ortografia da palavra noutro dia !): que duas medidas podem ser "ambas as duas", desconhecendo, certamente, o termo redundância;
ontem, o M. Finanças, ao querer falar de excedentes, trocou por "excesso".
E agora o Angélico !
Obrigado,MR.
ResponderEliminarNunca fui muito à bola com o Viegas...
APS
MR,
ResponderEliminarnão percebe que o Viegas estava a pensar que o pintor Angelico, o italiano, andava por aí? E anda mas nas nossas cabeças. :-)
hmj,
ah o Nuno Crato "axa"! E "axa" o quê? "Ambas as duas"?! Lindo!
Desconfio que este também tem um escritor fantasma. Ou um bom revisor.
Não sabia, MR, dessa estreia auspiciosa do Viegas, com "microfone" de prata...
ResponderEliminarÉ uma sequência naquilo de que melhor nos habituou o Santana/Chopin, Miss Tolstoi.
Que mais nos irá acontecer?