terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Somerset Maugham : "uma secreta primavera"


Somerset Maugham, inglês, formado em medicina, mas conhecido sobretudo como escritor e dramaturgo, nasceu a 25 de Janeiro de 1874. Foi um escritor de referência, na minha juventude. O primeiro livro que li dele, "The Moon and six-pence" ( "Um gosto e três vinténs", traduzido na Colecção Miniatura, nº 49), em parte baseado na vida de Gauguin, deixou-me uma impressão tão agradável que fui comprando, ao longo do tempo, todos os livros que podia, de Maugham. Esse primeiro livro, que li aos 14 anos, foi-me recomendado por um professor de Inglês, no liceu, de nome Fabião, e que mais tarde vim a reencontrar, na Faculdade de Letras de Lisboa, como professor de holandês. Na Faculdade, também, havia uma obra de Somerset Maugham, de leitura obrigatória - não me recordo é do título. Para lá das peças de teatro, contos e romances, Maugham escreveu ainda livros de reflexões e memórias: "Points of view", "The Summing-Up", entre outros. Deste último, que é uma espécie de balanço da sua actividade de escritor, passo a traduzir o início do capítulo XLVI, da edição da Penguin Books de 1963 (pg. 116):
"Sou escritor, como poderia ter sido médico ou advogado. É uma profissão tão agradável que não surpreende que um vasto número de pessoas a tenha seguido, mesmo que não tenham especiais qualificações para a exercer. É excitante e variada. O escritor é livre de escrever onde quer que seja e na altura que escolher; pode permitir-se preguiçar se se sentir adoentado ou com falta de inspiração. Mas é também uma profissão que tem desvantagens. Uma delas é que, embora o mundo todo e cada homem nele, e todos os pontos de vista e acontecimentos sejam a sua matéria-prima, o escritor só poderá abordar aquilo que corresponde a uma secreta primavera que está nele. A mina é incalculavelmente rica, mas cada um de nós apenas pode retirar uma pequena parte desse minério. Por isso, no meio da fartura, o escritor pode morrer de fome. ..."

2 comentários:

  1. Gostei imenso da citação que escolheu. Mas porque não haveria maus escritores?
    A verdade é que, em todas as profissões, há gente que as exerce sem terem «especiais qualificações».
    O rprimeiro livro que li de Maugham foi Servidão humana. Gosto imenso dos seus contos.

    ResponderEliminar
  2. Ainda bem que gostou, MR, porque também me parecem palavras muito argutas. Acho que Maugham resistiu ao tempo...

    ResponderEliminar