sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Ilse Losa, de viagem


Até pouco depois de meados dos anos setenta e, com particular incidência, nos anos 50 e 60, a publicação de livros de viagens, por parte de escritores portugueses, era abundante. Estou-me a lembrar, por exemplo, de "Embaixada a Calígula" por Agustina, "Jornadas na Europa" de Urbano Tavares Rodrigues, "Descobri que era Europeia" de Natália Correia, entre outros livros.
A partir dos anos 80, creio, e muito embora o tema Viagens tenha ganho foros de alforria e destaque, até numa importante cadeira universitária ("Literatura de Viagens"), a edição deste tipo de livros decaíu, substancialmente. A Universidade, em Portugal, vai sempre muito atrasada em relação à realidade, habitualmente...
Entenda-se que, nos finais do séc. XX, as viagens se foram democratizando. Melhores salários, em geral, inter-rail para a Juventude, viagens aéreas low-cost, o programa Erasmus. Conhecer o estrangeiro passou a ser, quase, normal, até entre os jovens. Não falemos de Cancun ou da Praia das Galinhas, por uma questão de caridade cristã...
Em conclusão: o tema Viagens perdeu força e interesse, na leitura. Foi por isso talvez que, ontem, resolvi comprar, num alfarrabista amigo ( o Bernardo), um livro que desconhecia da bibliografia de Ilse Losa (1913-2006), escritora discreta, esquecida, mas que, afectuosamente, estimo. O livro intitula-se "Ida e volta, à procura de Babbitt", e fala de uma viagem aos Estados Unidos (1959) desta escritora nascida na Alemanha, de origem judaica, naturalizada portuguesa, que se fixou (1934) e casou, no Porto, com um arquitecto português, e de quem teve duas filhas. É também autora de histórias infantis muito interessantes e que revelem uma sensibilidade generosa e atenta aos outros.
O livro de viagens de Ilse Losa lê-se bem... Embora a surpresa ingénua da descoberta da modernidade da sociedade americana, que se nota na escrita de Ilse Lose, hoje, na época da globalização, quase nos faça sorrir. Julgo que este livro nunca foi reeditado. Mas estou a lê-lo, com muito agrado.

2 comentários:

  1. Gosto imenso da Ilse Losa e dos seus livros de carácter autobiográfico. Este livro nunca li.

    ResponderEliminar
  2. Para mim também era desconhecido, até o ver na prateleira do Alfarrabista, donde o tirei.

    ResponderEliminar