domingo, 16 de maio de 2021

Poesias, da brasileira em particular

Para além da nacional, naturalmente, as líricas que frequentei mais terão sido, por esta ordem: espanhola, brasileira e a de língua inglesa (britânica e norte-americana). Em vanguardas, a que foi mais ousada, embora com falta de sentido crítico, muitas vezes, terá sido a brasileira, nas suas expressões muito diversas e de exibicionismo barroco, ultra-exagerado. Mas a mais próxima de nós, na minha opinião e seguramente, sempre foi a poesia espanhola. Quase se sente ser da mesma família...



Sou levado por vezes a classificar, no meu íntimo, alguns poetas de merecimento, brasileiros, em duas distintas categorias: dramáticos e lúdicos. No primeiro patamar, eu incluiria Jorge de Lima e Cecília Meireles; no segundo, arrumaria Manuel Bandeira e Manoel de Barros. Híbrido no tratamento de temas, e ainda de grande qualidade, Carlos Drummond de Andrade.



De tempos a tempos, costumo comprar antologias de poetas, para me actualizar, naquilo que se vai fazendo aí por fora. Recentemente, na Livraria da Travessa, comprei uma 3ª edição (a primeira é de 1976) de 26 Poetas Hoje (2021), organizada por Heloisa Buarque de Hollanda (1939). A colheita foi magra nas preferências, mas aqui deixo 3 poemas que marquei, favoritos. De:


1. Charles (Carlos Ronald de Carvalho, 1948)

sem título

nunca viajei de avião
mas muitas vezes estive no ar

Um desinteresse marcante
uma marcação latente
uma dor de dente
uma paixão fulminante


2. Antonio Carlos Secchin (1952)

Visita

O verso era um abraço salgado
que os peixes telegrafaram.
Era um cisne louco
bicando o amor.
Era o secreto frio
trancado na boca.
Era o tempo roendo os móveis,
os olhos, a conta do gás.


3. Luis Olavo Fortes (1952)

Meu amor de soslaio

Faz tanto calor no Rio de Janeiro
que é bom sentir essa neve
partir de seu olhar.

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