sábado, 12 de agosto de 2017

Dispersas e matinais


Se os relvados ainda estão verdes, graças à rega matinal mecânica, já apresentam, porém, grandes peladas acastanhadas pela falta de chuva. As flores dos aloendros, mal nascem, ficam logo meladas e definham, sem crescer. E, à volta das pobres oliveiras centenárias, o solo está juncado de azeitonas ainda verdes e raquíticas. Uma dor de alma!
A falta de água provoca uma acentuada luta pela sobrevivência do mundo da natureza.
Formigas endiabradas e vorazes esburgavam a carcaça de uma carocha pequena e negra, já morta.
No Mercado, as bancas de peixe tinham clientes, mas o talho estava vazio e às moscas.
A D. Irene tinha o seu lugar cheio de fruta e como lhe esgotamos os figos lampos ainda verdes, lançou, popular e críptica, o seu provérbio: "Na minha casa há mulher, na da vizinha envergonhei-me."
Não fora eu ter lido, há dias, uma nota de Leite de Vasconcelos sobre ditados portugueses, e ficaria preocupado e curioso, com o dito da D. Irene. Dizia o linguista e etnólogo português que nem sempre os adágios têm conceitos sábios ou claros. É necessário é que tenham rima. Seja ela disparatada ou erudita...

2 comentários:

  1. A falta de água, e de certa forma também como consequência, os fogos, é uma dor de alma e às vezes uma revolta.

    Não sei se percebi o provérbio...será que a banca da D.Irene tem coisas boas e as outras não?...

    Desejo-lhe um bom sábado:)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Isto, realmente, anda muito mau quanto ao clima... E, aí, por Castelo Branco julgo que ainda será pior..:-(
      Sobre o ditado, fiz uma interpretação muito subjectiva e pessoal: ela quereria dizer que deveria ter trazido mais figos, para vender, embora cuide bem da sua casa(banca de Mercado).
      Bom dia, Isabel!

      Eliminar