quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Apontamento 105: A História da Boneca



Aqui está ela, de novo lavadinha e com o casaquinho pelos ombros, já que o tempo ainda não pede lãs.



Como se pode ver pela marca nas costas, é uma boneca SCHILDKRÖTE [i.e. tartaruga], muito em voga na minha infância. O catálogo actual da marca ainda vende esta “colecção clássica”, como lhe chamam, dando um nome específico a cada criatura.

A minha boneca sobrevivente, T 40, i.e. de 40 cm. de altura e de nome Ursel, terá surgido pelo final da década de cinquenta do século passado. A data até condiz com a altura em que julgo ter-me sido oferecida.

De muitos banhos que lhe dei, porque os cuidados diários faziam parte das brincadeiras, ficou com as pernas um pouco bambas e a cabeça menos firme do que gostava que tivesse. Assim, resolvi, há algum tempo, perguntar o que se poderia fazer às maleitas da boneca no Hospital das Bonecas, na Praça da Figueira, em Lisboa.

Confesso que não gostei do atendimento. Comprei apenas umas cuecas novas – produto fraco e caríssimo. Os vestidos, que ainda apreciei, eram e são muito pouco airosos, muito antiquados, caríssimos. Parecem de feira, sem gosto, nada do que fala a Paula Lima, roupinha feita com dedicação, estilo e saber.

Assim, sentei-me um dia e fiz eu a roupinha. [ver “posts”: Da janela do aposento 16 e Os trabalhos e os dias (5)].

O casaquinho comprei-o numa loja que, por vezes, frequento, com porta aberta para o Largo de S. Carlos.

Post de HMJ, dedicado às minhas leitoras do "post" anterior

6 comentários:

  1. Que mimosa ficou (tive que rir com a ideia de Verão/Inverno para a boneca)!
    Eu tive a sorte de ter uma irmã e mãe com bom gosto que sabiam costurar e de vez em quando decidiam vestir as bonecas! A maior parte delas desapareceram com o tempo. Lembro-me de uma que, coitada, era feita de um plástico que se quebrou todo!
    Nunca entrei no Hospital das Bonecas, mas também nunca achei a entrada convidativa. Já vi que não vale a pena o esforço, a não ser que o desespero pela salvação de uma boneca querida a tal obrigue.
    Boa tarde!

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  2. Ficou muito linda!

    Não tenho nenhuma boneca da minha infância e tenho imensa pena. Já era adulta e já trabalhava, quando o meu pai (que nunca deitava nada fora) se lembrou de fazer uma arrumação numa despensa, onde estava um saco com várias bonecas - umas cinco ou mais, e uns fantoches - alguns feitos por mim, no tempo do Magistério Primário, e deitou o saco para o lixo. Eu não estava presente e quando me apercebi era tarde demais. Ralhei tanto com o meu pai, que ainda hoje tenho pena. Enfim, eram só umas bonecas...

    Eu quero, logo que surja a oportunidade, visitar o Hospital/Museu das Bonecas. Tenho curiosidade.

    Boa tarde:)

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    1. Para Isabel:
      Pois, é pena quando as recordações se desfazem. Por vezes, sucede por dinheiro como aconteceu com uma boneca semelhante minha que um pretenso familiar pôs em patacos.

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  3. Que maravilha! Tanto a história, como a boneca, como as roupas. Boa tarde!

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  4. Para Margarida Elias:
    Lembranças do passado, com o cuidado do presente.

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