"... A pessoa-kitsch só tem palavras vãs, produz retórica de pacotilha quando julga que está a ser poética, e quanto mais quer engrandecer o objecto dos seus elogios emocionados mais deixa perceber a falsificação. ..."
António Guerreiro, na crónica "A História em directo" (ípsilon, jornal Público de 20/1/2017).
O texto vale a pena ser lido, não concordo, o Kitsch, enquanto conceito e sinonimo de mau gosto, é desconhecido da grande maioria dos portugueses, não se aplica apenas ao domínio da arte, mas tem de ser pensado, partindo dai, no caso concreto não me parece que as características encontradas nas reacções dos media à morte de Mário Soares se enquadrem nesse cenário, alienação, banalidade, manipulação, pelo contrário até houve alguma sobriedade, compare-se por ex. com a morte do futebolista Eusébio, ai sim, assumiram-se formas de superficialidade, e mau gosto com as camaras a entrarem na cova e a mostrarem o cadáver. Que houve uma corrente dominante e consequente mimetização, (também aqui no Arpose), isso era a meu ver inevitável, paradoxalmente, até o próprio autor não foge à temática, e enquadra-se ele próprio na mimese que denuncia, ou seja, a única maneira de lutar contra essa pretensa corrente dominante e Kitsch, seria, não escrever sobre, mas ignorar.
ResponderEliminarNão acompanhei inteiramente as cerimónias fúnebres do nosso ex-Presidente. Vi q. s., evitei o excesso e as "poético-elegíacas" declarações.
EliminarMas, muitas vezes, é difícil não falar, embora eu evite o coro de carpideira da "mainstream" e o derrame emocional. Falei, por exemplo, da morte de Mário Soares com a máxima contensão (2 postes: um, com datas, apenas, o outro com música) possível.
Porque essas fantasias de empalhada e falsa poética podem encontrar-se, por aí, em muitos blogues e respectivos comentários, cuja palavra-chave é esse "adorei!" repisado à exaustão, mais uns brincos quase sempre "kitsch", à mistura.
Um bom fim-de-semana, cordialmente!
Aproveito para reiterar a ideia a ideia de sobriedade, sublinhar que efectivamente a corrente dominante, se pautou por ela, assim como o APS, que evidentemente não se enquadra numa Mainstream acrítica e ruidosa, gostei da associação às carpideiras ,o remate dos brincos está genial, possivelmente não tive a percepção de alguma choradeira, porque são poucos os blogs que frequento.
EliminarDe acordo.
EliminarAqui, o excesso justificou-se. Porque era preciso calar, o mais possível, os que vêm mácula no "pai da democracia". E porque, como sabemos, Soares é kitsch.
ResponderEliminarNem sempre se pode ser fixe, se não, gastam-se os efes todos...
EliminarSe entendi bem, Artur Costa, concordou com a tendência dos média numa abordagem histórica explicativa, desmistificadora, nesse caso inteiramente de acordo, apesar do próprio MS ter explicado pelas próprias palavras, uma serie de episódios da nossa história, como foi o caso da negociação das independências enquanto MNE, subsistem vários mitos apontando-lhe culpa.
EliminarA única afirmação, que não percebo cabalmente, é com o trocadilho Soares é Kitsch, porque não enquadro bem a imagem de Soares no fenómeno kitsch , nem ao genial slogan dos anos 80, salvo erro, Soares é fixe, até esse tenho dificuldade em inseri-lo nesse domínio.