domingo, 22 de janeiro de 2017

Roberto Juarroz (1925-1995)


94

Não há regresso.
Mas existem alguns movimentos
que se assemelham a um retorno
como o relâmpago à luz.

É como se fossem
formas físicas da memória,
um rosto que volta a formar-se por entre as mãos,
uma paisagem submersa que se reinstala na retina,
há que procurar medir de novo a distância que nos separa da terra,
voltar a comprovar que os pássaros ainda nos seguem, vigilantes.

Não há retorno.
No entanto,
tudo é uma invertida esperança
que vai crescendo para trás.


Roberto Juarroz, in Poesia Vertical (1987).

6 comentários:

  1. A esperança para trás é o trabalho da memória e apenas os poetas o chamam de esperança. Obrigada por poema e poeta.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Também tirei partido: ao traduzir apreende-se melhor.

      Eliminar
  2. Gosto deste poeta e as suas traduções são
    sempre bem vindas.
    Boa noite.

    ResponderEliminar
  3. Subscrevo o comentário de Maria Franco.
    Bom dia!

    ResponderEliminar