"...Por vezes a sua mãe aproximava-se antes de se sentar no seu canto. «É a biblioteca», dizia. Pronunciava mal esta palavra que ouvia da boca do seu filho e que não lhe dizia nada, mas ela reconhecia a capa dos livros. «Sim», dizia Jacques sem levantar a cabeça. Catherine Cormery debruçava-se por cima do seu ombro. Olhava o duplo rectângulo sob a luz, as filas regulares das linhas; também respirava o cheiro, e por vezes passava pela página os seus dedos entorpecidos e enrugados pela água das barrelas como se ela tentasse conhecer melhor o que era um livro, aproximar-se um pouco de mais perto desses símbolos misteriosos, incompreensíveis para ela, mas onde o seu filho encontrava tantas vezes e durante horas uma vida que lhe era desconhecida e de onde ele regressava com este olhar que pousava sobre ela como se fosse uma estranha. ..."
Albert Camus, in Le premier homme (pg.271), 2010.
Gostei particularmente deste bocadinho...:-)
ResponderEliminarUm belo bocadinho. :)
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