sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Divagações 135


Com o tempo, qualquer moeda se deprecia para os nacionais que a usam. E, normalmente, um imóvel terá tendência para se valorizar, ao menos, consoante os índices de inflação. No presente, e em Portugal, as subidas de preço no imobiliário, especulativas de algum modo, só se explicam, não pelo valor real das casas, mas pela intensa procura personificada por estrangeiros e pelos artíficios criados pelos mercados que se dedicam à habitação.
Ando a ler, com atenção mas intermitantemente, Problemática da História Literária (Ática, 1961), de Jacinto do Prado Coelho (1920-1984). Foi com enorme surpresa que me deparei com o nome de Benedetto Croce, crítico e teorizador literário, que é muitas vezes citado. Na altura, era um ensaísta muito frequentado, tal como Harold Bloom, aqui há 20 ou 30 anos. Quem saberá hoje de, ou lerá, Croce, nesta fugacidade e efemeridade dos tempos?
Celebra-se hoje a implantação da República, com sentimentos amortecidos em relação à data, embora com o valor simbólico de um acontecimento patriótico que marcou a História de Portugal. Daqui a 108 anos, como se irá celebrar o 25 de Abril?
Porque uma coisa são as efemérides, e outra são as efemeridades...

2 comentários:

  1. É verdade, o entusiasmo por vezes esmorece. Mas muitas vezes a história é utilizada pelo poder para preservar ideologias, o que leva à preservação das comemorações. Mas isso é outra questão. Bom feriado!

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    1. Há quem, leviana e ligeiramente, e por simpatia ou fanatismo, aposte intensamente nos valores presentes - é como escrever na areia. O futuro e as gerações não têm qualquer compromisso connosco. Ainda bem que os mais novos têm personalidade própria e fazem as suas escolhas. Os anos ensinaram-me, pelo menos, o valor do relativo.
      Margarida, um bom feriado!

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