quinta-feira, 25 de outubro de 2018

A fortuna dos inéditos


A palavra inédito sempre teve um particular fascínio. Mas há quem abuse dela, ou deles (inéditos) se aproveite para tirar partido e dividendos, mesmo que à custa do abaixamento de qualidade da obra de um autor (escritor, músico, cineasta, pintor). Normalmente o criador deixa exarado que pretende que, o que sobrar, seja destruído: assim Cesário Verde, assim Kafka. Que, felizmente, nestes casos, não foram respeitados, porque o melhor estava para vir... Em relação a Pessoa e Sena, já não estou tão seguro, quanto ao que foi sendo publicado, como inéditos, depois da sua morte.
O jornal Le Monde, de 19/10/2018, anuncia a remontagem e próxima exibição do mítico The Other Side of the Wind, que Orson Welles (1915-1985) nunca chegou a completar, depois de deixar  o filme inacabado, em 1976.
Dando benefício da dúvida, há que esperar para ver.

3 comentários:

  1. Esta notícia deixa-me muito céptica. Só se deixou instruções muito precisas (o que eu duvido)...
    Boa tarde

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    1. Este filme tem uma história bem complicada. Esta versão, que já estreou no Festival de Veneza deste ano, é da responsabilidade de Frank Marshall, que trabalhou na produção original, com apoio de Peter Bogdanovich ("protegido" de Welles e ator no filme).
      Creio que, para os cinéfilos, será bem mais estimulante do que uma produção acabada pelo próprio realizador, levantando novas questões e desafios, não?

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    2. Paula Lima e Artur Costa:
      o trabalho foi pago pela Netfix, para ser seu exclusivo - 5 milhões de dólares.
      Segundo Le Monde, o filme terá como realizador (?) de nome e produtor o cineasta polaco Filip Jan Rymsza, radicado nos EUA. Para além de Frank Marshall - referido por Artur Costa -, a película contou com a colaboração de Bob Morawski e Jens Koetthner Kaul.
      Em entrevista a Rymsza, Le Monde apurou que o filme se baseou numa cópia de trabalho de O. Welles, com cerca de 40 minutos de película, notas muito precisas do mesmo, dando conta das suas intenções futuras, e ainda uma dúzia de indicações dos cenários a utilizar.
      A ver vamos...

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