segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Da política estrangeira à portuguesa, excepcionalmente


Raramente, mudarmos de camisola nos traz dividendos. Embora a neutralidade militante possa grangear, aos que a praticam, uma pretensa multidão de amigos... Que não deixam de ser, numa nomenclatura rigorosa e objectiva, apenas conhecidos, próximos. Neste particular, há que sermos realistas.
Não é por se adaptarem aos tempos que jornais e revistas aumentam as tiragens. Esses golpes de rins, muito frequentes, hoje em dia, em vez de trazerem novos clientes e assinantes, fazem é perder uma boa parte dos leitores antigos. O jornal Público e L'Obs., em França, ilustram bons exemplos disso.
Na política, o mesmo vem acontecendo, sobretudo nos partidos mais importantes, que adaptando-se, oportunisticamente, aos novos tempos, vão omitindo o seu ADN original e a sua ideologia de base. O eleitor acaba, mais tarde ou mais cedo, por não perdoar.
Blair, Schröder, Hollande foram no fundo os coveiros dos seus partidos socialistas. Como a própria CSU (irmã gémea da CDU, na Alemanha), da Baviera, confirmou, ontem, também a sua erosão, nas eleições da Länder. Ou o mísero resultado do SPD germânico, ultrapassado até pela AfD, neo-nazi.
Não tenho dúvidas que, se o PS português ainda fosse chefiado por António José Seguro, o socialismo ter-se-ia esboroado, irremediavelmente, no espectro partidário nacional. Que era, no fundo, aquilo que a Direita portuguesa gostaria que tivesse acontecido.

2 comentários:

  1. Não sei que diga de Hollande. Teve um mandato horrível com ataques terroristas e tinha duas serpentes no governo: Macron e Valls. E depois do que Macron fez a Hollande as pessoas ainda votaram nele na primeira volta. Espantoso! Agora parece que estão arrependidas.
    Boa semana!

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    1. Saiu, agora, um livro de Hollande sobre o seu mandato. Mas o balanço que faço do seu exercício é que foi um tíbio ziguezagueante. Para não falar daquelas escapadas nocturnas com o seu estafeta particular...
      Um político, para chegar ao cimo, não pode ser um menino de coro. Veja-se os últimos exercícios dignos, franceses: De Gaulle e Miterrand. Não seriam anjos, mas tinham estratégia e carácter.
      Coisa que Hollande, creio, nunca possuiu.
      Boa semana, também.

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