quinta-feira, 7 de junho de 2018

Retro (98)


Quase todos os conflitos bélicos, a partir do século XX, foram acompanhados, por parte dos governos envolvidos, de propaganda justificativa das razões que legitimavam as guerras. Essa propaganda poderia ser radiofónica, assumir a forma de cartazes, publicações escritas distribuídas gratuitamente aos cidadãos (e em países amigos e aliados) ou, em tempos mais recentes, ocupar espaços de antena televisivos.
E se as imagens, a partir da II Grande Guerra, tiveram uma importância preponderante, na I Grande Guerra eram os folhetos escritos a forma mais usada para ganhar as consciências, sobretudo das classes mais cultas e letradas.


Alguns se hão-de lembrar de dois ou três slogans estadonovistas, difundidos constantemente nos microfones da antiga E. N.. Um, de meados dos anos 50: Os sinos da velha Goa e as bombardas de Diu serão sempre portugueses, para reagrupar os nacionais em defesa do ex-Estado da Índia. O outro, no início dos anos 60, acompanhado de música marcial, que entoava em estribilho o Angola é nossa!
Os chamados Campos de Concentração foram criação original do Império Britânico, na África do Sul, aquando da guerra anglo-boer (1899-1902), destinando-se ao acantonamento, em espaço restrito, das populações de colonos de origem holandesa.


Não deixa por isso de ser irónico que, destes 4 folhetos ingleses (seguramente, destinados a Portugal), em imagem, um deles se ocupe a verberar, em 1916, Os Horrores de Wittenberg, sobre as condições desumanas dos prisioneiros britânicos em território alemão, durante a I Grande Guerra. Chamo ainda a atenção para o folheto A Perspectiva da Guerra, que foi subscrito, em 1915, pelo célebre criador de Sherlock Holmes -  Arthur Conan Doyle. O opúsculo destinava-se, principalmente, a justificar a Expedição dos Dardanelos, tentando desvalorizar a derrota e as muitas mortes de soldados britânicos (cerca de 100.000) por que se saldou.


grato reconhecimento a A. de A. M., que me facultou o uso destas interessantes publicações.





2 comentários:

  1. Quando os seus postes são classificados de retro,
    muitas das vezes me lembro das minhas velhinhas
    revistas, Ilustração Portuguesa do início do século 20.
    Não tem nada a ver com o seu tema, mas consigo tirar
    algum prazer em folheá-las e constatar que são de um
    outro mundo. Foi um desabafo, peço desculpa.
    Desejo-lhe um bom fim de semana.

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    1. Conheço mal a publicação que refere mas, por vezes, aparecem alguns números, no meu alfarrabista de referência, que eu costumo folhear.
      Um bom fim de sábado, cordialmente.

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