quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Palavras de Oliveira Martins


O pequeno excerto de Oliveira Martins (1845-1894), que vou transcrever, está incluído num texto mais longo, intitulado "O Ideal e a Política", publicado no jornal Província, de 7/9/1886. Segue:
"É facto resultante da larga observação da história que à existência dos povos não basta, não chegam para lhe dar vitalidade os instintos de conservação. É mister uma aspiração, ou, por outra, um ideal, que levante, congregue e tonifique o espírito dos cidadãos. Quando isto falta, as nações definham, a craveira da política baixa, a maré da corrupção sobe.
É obvio que assim seja. Falta nesse caso aos homens públicos um impulso, um estímulo que, ou lhes aqueça os instintos generosos, ou os obrigue a levantarem-se acima de si próprios. A política torna-se rotineira, a administração torna-se inepta, formiga o parasitismo, aparecem, como nódoas filoxéricas numa vinha, as nódoas da corrupção alastrando-se, levadas as suas sementes no ar pelas virações mornas da cobiça, da vaidade, da mesquinhêz de alma, filha do vazio da inteligência.
Perde-se a noção da realidade das cousas. Confunde-se a ferramenta com a manufactura, o instrumento com o fim, os meios com as obras; e em lugar da felicidade de um povo, como objectivo da política, põe-se a fortuna dos políticos. ..."

4 comentários:

  1. Ontem e ante-ontem, quando cheguei a casa, ainda consegui apanhar as entrevistas que Mário Soares deu na tv. E vão no mesmo sentido: como se permite que os especuladores comandem a vida das nações?
    Se este homem fosse o actual Presidente da República, outro galo cantaria...

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  2. Isto, nos últimos tempos, tem vindo a descer, vertiginosamente, de qualidade quer seja em PR, quer seja bem PM's. E o Seguro, meu deus!...

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  3. O Seguro... meus deuses!!!
    E o Oliveira Martins é um dos inspiradores de Soares, com o Antero.

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  4. Confesso, francamente, que já não tenho paciência para aquele voz de papa Cerelac. Nem para as declarações a puxar para o rés-do-chão mental...

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