sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Queda de cadeiras : 2 Antónios, e eu


É sempre um facto acidental, inesperado, quase inacreditável acontecer. Muitas vezes, ridículo e hilariante. A primeira queda de cadeira, que vou referir, prejudicou-me um pouco. Era eu aspirante miliciano no BRT (Batalhão de Reconhecimento e Transmissões) da Trafaria. Estávamos em Setembro de 1968, e António de Oliveira Salazar caíu da cadeira, no Forte do Estoril. Não pude regressar a Lisboa, o quartel entrou de prevenção, e o País tremeu. Tive que desmarcar compromissos que tinha para essa noite...
A segunda queda de cadeira aconteceu comigo. Foi aqui pela zona outrabandista, e quase em família. Tinhamos ido almoçar ao ar livre, num restaurante modesto e honesto, mas onde grelhavam peixe muito fresco, com desvelo e sabedoria. Era o Verão de 87 ou de 88. Às tantas, o António, que estava connosco, grita-me: "Olha que estás a cair!?..." Eu não acreditei, era lá possível uma cadeira com estrutura interior de ferro (só que já estava enferrujada), embora com cobertura de plástico, desfazer-se de um momento para o outro?...Mas sentia-me a deslizar, suavemente, em direcção à terra. Não fiz nada e, ao "ralenti", passado um minuto, estatelava-me no chão. Não parti nada, a não ser a cadeira...
A terceira queda é mais académica. Aconteceu com o António Valdemar (a memória humana mais prodigiosa que conheço) e que é, hoje, Presidente da Academia de Belas-Artes. A história contou-a ele na Rua do Alecrim, nº44, em Lisboa. Terá sido nos anos 90. António Valdemar tinha acabado de receber uma comenda, creio que a 10 de Junho. Dirigiu-se para a sua cadeira, no meio dos agraciados. Sentou-se, e a cadeira desfez-se - caíu desamparado. Ajudam-no a levantar-se e perguntam-lhe, preocupados, se se magoara. Confundido e atónito, Valdemar responde: "Foi o peso da Glória!"

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