quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Desabafo (15)


Vou tendo cada vez menos paciência para poemas longos, que se desenrolam em versos repetitivos, que nada vão acrescentando, como o If do Kipling. Tal como me exasperam as perlengas moralistas ou retóricas sobre ninharias inúteis.
Vinte minutos contínuos, ontem, de incêndios no noticiário da TV. Penosamente vistos, inutilmente olhados. Contributo perverso para acicatar a coragem de alguns desarranjados pirómanos, que ainda não se puseram em campo, com os seus isqueiros de bolso?
Mas de que maneira um cidadão normal vê isto no ecrã televisivo? Com pavor? Com pena? Com caridade compungida? Ou como simples espectáculo - talvez desejo ardente dos directores de programas, sedentos de aumentar o seu share?
Não haverá meio de reduzir estas reportagens ao mínimo, a breves notas com discrição, evitando as vozes épicas ou empoladas de jornalistas enxundiosos e apalermados?

6 comentários:

  1. Nem de propósito, hoje, fui ter a este post http://arpose.blogspot.pt/search/label/%22Cadernos%20do%20T%C3%A2mega%22
    onde se fala dos cadernos do Tâmega e de uma carta que o António Nobre, estando longe, solicitava que lhe mandassem jornais, ávido que estava de notícias do 31 de Janeiro.
    Então, as notícias chegavam devagar e os assuntos eram ruminados agora, somos confrontados com elas a cada segundo e já nos chegam espremidas até à última gota .

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    1. Foi uma feliz coincidência essa minha descoberta, embora me tivesse dado também algum trabalho..:-)
      Mas observou bem essa diferença na recepção das notícias, que hoje se repetem, até nas imagens, quase à exaustão, num frenesi desumano, muito mais espectacular do que sucinto e rigoroso.

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  2. Nem consigo abordar este tema. Prefiro alhear-me de quase
    todos os meios de comunicação. Mas vem sempre algo ao nosso
    conhecimento e a morte dos dois jovens, em exercícios militares
    já me perturbou o suficiente. Quero continuar com as imagens
    do Douro na minha cabeça. De momento,aquele sítio mágico ajuda-me.
    É tudo. Boa noite.

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    1. É salutar compensar, com alguma coisa, estas situações aflitivas que todos os anos, pelo Verão nos incomodam, e destroem haveres e vidas, de algum modo pelas condições climatéricas, mas também pela incúria dos homens e do poder político.
      Estou esperançado que este governo gize uma estratégia consistente, que possa minorar aquilo que parece um atavismo fatal.
      Boa noite!

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