Caminhamos de mão dada pelo supermercado
por entre filas de cereais e detergentes
Avançamos de gôndola em gôndola
até chegar às latas de conserva
Examinamos os novos artigos
anunciados já na televisão
De súbito olhámo-nos nos olhos
e desaparecemos um no outro
e nos consumimos.
...
...
Televidente
Aqui estou, mais uma vez, de volta
ao meu quarto na cidade de Iowa
Pouco a pouco vou sorvendo a sopa
Campbell, frente ao televisor apagado
O ecrã reflecte-me a imagem
da colher a entrar-me na boca
E sou o reclamo comercial de mim
mesmo, que anuncia nada a ninguém.
Gostei dos dois poemas deste poeta desconhecido para mim. »Televidente« é bastante divertido.
ResponderEliminarBom dia!
É um tipo de poesia interventiva que, por cá, já mal se usa...
EliminarBoa tarde!
Um retrato da sociedade actual.Poético?
ResponderEliminarNa minha opinião não me parece poesia.
É mais uma maneira diferente de dizer,
neste caso, a banalidade dos tempos.
Mas acho interessante.
Lembrei-me de Mário Henrique Leiria e os
seus Contos do Gin.
Poesia, sem dúvida, com algo de prosaico, que não prosa poética. Bandeira e Drummond têm coisas assim, que nos surpreendem por um certo ineditismo do olhar e do dizer - a América do Sul é outro continente..:-)
EliminarMas a aproximação, que faz, a MHL também me parece pertinente.
Gostei muito. Bom Domingo!
ResponderEliminarAinda bem..:-)
EliminarRetribuo os votos!