Descartes acertou as suas contas com a filosofia, - dos outros. Definiu ou determinou o seu sistema de vida. Ele tinha confiança plena no seu conjunto de modelos e ideais matemáticos e podia, no seu presente, sem necessitar de ir ao passado, sem olhar a nenhuma tradição, empenhar-se na sua luta que seria a sua vontade de clareza e de organização do conhecimento contra a incerteza, o acidental, o confuso e o inconsequente que são os atributos mais prováveis de grande parte dos nossos pensamentos.
Posiciona-se numa primeira certeza; afirma "que é necessário rejeitar como absolutamente falso aquilo que podia provocar a menor dúvida, de modo a descobrir se não existiria, depois disto, alguma coisa na sua crença que fosse inteiramente indubitável". E alega, fundando-se na sua experiência que nós temos sonhos, e que tudo pode ser talvez apenas sonho. Só a sua famosa proposição: Je pense, donc je suis, lhe parece uma verdade indestrutível, que é preciso tomar como primeiro princípio, e que lhe revela, por outro lado, que é, em si, uma base donde toda a essência se pode pensar, independentemente do corpo, do lugar, de toda a coisa material.
Paul Valéry, in Variété V (pgs. 229/30).
Gostei muito. Bom dia!
ResponderEliminarÓptimo!
EliminarÉ pena que este manacial de sabedoria de Valéry esteja a acabar..:-(
Bom dia!