quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Destinos


Deve ser bem complicado, para um ser humano, estar privado de exercer a sua actividade artística, durante mais de um terço da sua existência. Mas foi o que aconteceu ao pianista britânico Solomon Cutner (1902-1988) durante os últimos 32 anos da sua existência. Em 1956, ficou paralizado do lado direito e nunca mais voltou a gravar ou exibir-se em público.
Criança prodígio, a linhagem na Música importa sempre e muito. Solomon fez a sua aprendizagem musical com Mathilde Verne que, por sua vez, foi discípula de Clara Schumann. E não é por acaso que o grande pianista é conhecido apenas pelo seu primeiro nome - Solomon. Como Stravinsky ou Karajan são nomeados, normalmente, só pelos seus apelidos.
Considerado um dos grandes intérpretes de Beethoven, Schumann e Chopin, o pianista inglês está hoje, infelizmente, muito esquecido.
É por isso que hoje o venho lembrar.


A hemiplegia que o imobilizou em 1956 interrompeu a gravação que Solomon estava a fazer de uma integral das Sonatas de Beethoven, para a EMI Classics, que ficou incompleta, portanto. E é justo confessar também que, no meio da minha ignorância musical, foi também Solomon que me ajudou a gostar e apreciar a obra de Chopin. E que Brendel ajudou a reforçar com os seus argumentos sólidos e explicativos e muito claros para a minha relativa ignorância.


6 comentários:

  1. Não teve muita sorte este pianista. Feita a sua homenagem,
    foi recordado e é louvável da sua parte.
    Boa noite.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O prazer que me tem dado ouvi-lo, nas gravações que tenho, justifica que o lembre.
      Obrigado.
      Boa noite.

      Eliminar
  2. Diz-se que era o que teria acontecido a Bernardo Sassetti, devido a tendinites. :(
    Bom dia!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não posso deixar de pensar em Jacqueline du Pré e José Afonso, também...
      Bom fim-de-semana.

      Eliminar
  3. Ontem, quando ouvi a peça que colocou fiquei a pensar como seria interessante vê-lo a tocar, já que a postura e movimento de mãos de um pianista sempre me fascinou (e por aí também escolho os que mais gosto). Merece a homenagem, sem dúvida.
    Bom dia

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tinha uma forma discreta de tocar, um pouco como Backhaus. Não vibrava expressivamente como Brendel fazia.
      Um bom fim-de-semana.

      Eliminar