sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Do palavrão, como inefável banalidade


Devo confessar, embora com alguma relutância e pudor, que em tempos de ingénua meninice, e por volta dos 11/12 anos, na ânsia de ser homem mais depressa, comecei a fumar, a escarrar para o chão e a dizer palavrões - passou-me depressa, felizmente, excepto o vício do fumo, que ainda hoje tenho.
Assisti, com bonomia, nos anos 80, instalada que foi e consolidada a liberdade e democracia, a alguns publicistas (bragas, cardosos, pimentas...) portugueses, em busca de fácil notoriedade, a usarem, a torto e a direito, uma linguagem que eles julgavam desbragada, para chamar a atenção dos puritanos leitores...
Esqueciam-se, porventura, das cantigas de escárnio e maldizer, do Cancioneiro Geral, de Lobo de Carvalho, de Bocage, Botto, do "merda" de Álvaro de Campos, de tantos outros, no entretanto português. Porque eles não eram, de maneira nenhuma, pioneiros. Depois, chegou a vez dos autores de alguns blogues vituperarem pessoas e coisas, de forma soez. Por exorcismo, catarse ou exibicionismo, quem sabe?
Pelo que li, hoje, na ípsilon, chegou a vez das senhoras donas romancistas (?). E de uma jovem que se platinou recentemente (o seu look, anteriormente, era bem mais modesto...). Que se desbrague à solta e lhe faça bom proveito! (Não será isso, de certeza, que a fará ombrear com Sade ou Miller, em qualidade - e nós já estamos habituados.)

6 comentários:

  1. Hoje em dia, cada vez mais, esse tipo de linguagem me/nos afasta, lá por casa, de filmes e séries e outros etcs que por aí apareçam. Porque se pode falar/escrever bem, porque é que se tem de o fazer cada vez pior? E não se entenda tal por puritanismo.
    Bom fim de semana

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    1. Muito embora não seja preciso apascentar a virtude da linguagem, o uso do palavrão pelo palavrão não deixa de ser, na minha opinião, senão um sinal de menoridade e de provincianismo.
      Retribuo os votos, cordialmente.

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  2. E se fosse só esse livro e esse título...
    É o palavrão GRATUITO a pavonear-se na boca ou na mão dos "novos eruditos".
    Que se ...... elas e eles !

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    1. É é assim que o incorrecto acabou por se transformar no politicamente correcto...
      Bom fim-de-semana.

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  3. O palavrão e o calão entrou na linguagem corrente, vulgarizando-se infelizmente e estende-se por esse mundo fora, surgindo no cinema em quantidade inimaginável (não confundir com a 7ª Arte), como nos livros (não confundir com Literatura).
    Confesso o meu cansaço desta "moda".
    Bom fim-de-semana!

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