Houve quem desse tarde por Eugénio de Andrade e a sua poesia. Não foi o caso de Jorge de Sena, mas terá havido, entre ambos, uma empatia recíproca. Uma amizade fiel. E feliz.
O traço de uma correspondência raramente é pendular. Quero eu dizer, equilibrado, sem que um dos interlocutores se subestime ou submeta ao peso do outro. Muitas vezes, há um tom predominante que desequilibra de forma flagrante essa relação humana onde se carteiam emoções, ideias, instintos, sentimentos. Quando a correspondência é literária, os perigos são ainda maiores...
Esta troca de cartas entre Eugénio de Andrade e Jorge de Sena tem, porém, um aparente selo de humana, frágil, enorme autenticidade sem pose nem resguardo - sem defesa, em suma. A verdade do que é dito não tem segundos sentidos. Por ela perpassam depressões, doenças, necessidades, aflições, algumas alegrias num registo de nudez que só podia ser o de uma grande amizade.
E delas ressuma, ainda hoje, uma atmosfera, uma ambiência que retrata o viver português (mesmo que um dos interlocutores seja expatriado), difícil, da segunda metade do século XX. Filtrado por duas grandes figuras de uma época. Nem sempre felizes...
Esta troca de cartas entre Eugénio de Andrade e Jorge de Sena tem, porém, um aparente selo de humana, frágil, enorme autenticidade sem pose nem resguardo - sem defesa, em suma. A verdade do que é dito não tem segundos sentidos. Por ela perpassam depressões, doenças, necessidades, aflições, algumas alegrias num registo de nudez que só podia ser o de uma grande amizade.
E delas ressuma, ainda hoje, uma atmosfera, uma ambiência que retrata o viver português (mesmo que um dos interlocutores seja expatriado), difícil, da segunda metade do século XX. Filtrado por duas grandes figuras de uma época. Nem sempre felizes...