domingo, 2 de outubro de 2016

Mais um poema traduzido, de Eduardo Chirinos


Derrota del Otoño


Por estas redondezas, o Outono não é bem-vindo.
                                                              Ninguém o espera
na margem de um qualquer rio melancólico
que esconde nos seus fluxos os segredos do mundo.
Mas o Outono reina em outras latitudes:
lá longe, onde os ciclos se cumprem, obedientes, lá longe
onde envelhecem e se renovam as metáforas.

(O Sol afunda-se num charco esverdeado
onde flutua, solitária, uma folha de loureiro).

Mas hoje de tarde nem sequer choveu. As folhas
fincam-se com força férrea aos seus ramos,
heroicamente lutam contra o vento
e pela noite hão-de celebrar a derrota do Outono.

Não sabem que as folhas em queda são escritas
e a árvore um calado e seco poema sem estrias.


para quem não aprecia muito o Outono, como a Margarida, no seu "Memórias e Imagens"; e para Maria Franco, que gosta da obra do Poeta. Cordialmente, esta despretenciosa tradução.

6 comentários:

  1. Gostei do poema e gosto do Outono, mas não sei se este ano teremos Outono. E tb gostei do Magritte.
    Boa semana!

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    1. Parece que as temperaturas, a partir de Quinta-feira vão voltar ao normal da época...
      Óptimo que tenha gostado.
      Uma boa noite!

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  2. Gosto do Outono. Gosto da cor dourada das folhas,
    gosto do ruído que fazem ao ser pisadas, e também
    gostei bastante deste poema.As estrias da folha de
    Magritte combinam com o fim do poema.Agradeço.
    Boa noite.

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